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Não é hora de cortar Selic: veja o que diz ex-BC

Foto/Reprodução GDI
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O ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, afirmou que a autoridade monetária não deverá sinalizar um corte na taxa de juros Selic em breve, mesmo que o governo apresente o novo arcabouço fiscal antes da próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (22).

Segundo Loyola, o Copom pode incluir um “gesto” positivo para o governo no comunicado da decisão, reconhecendo avanços no plano fiscal, mas sem indicar claramente uma redução de juros na reunião seguinte, em maio.

Ele acredita que é cedo para falar em corte da Selic, visto que a inflação está fora da meta e o problema fiscal do país ainda não foi solucionado.

Gustavo Loyola, que liderou a autoridade monetária do país em dois períodos, o último deles de 1995 a 1997, ressaltou que, mesmo que a nova regra fiscal seja bem recebida, os investidores ainda terão que aguardar a aprovação do Congresso.

Ele espera um corte de juros apenas em setembro, mas admite que a redução pode vir antes se um “arcabouço robusto” for aprovado ou se a economia se deteriorar com a tensão externa.

Sobre as turbulências geradas pelo Credit Suisse na Europa e pelo Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, Loyola afirmou que não há “nada de concreto” a respeito de um impacto na economia brasileira e não vê indícios de uma crise global semelhante à de 2008.

O ex-presidente do BC também comentou sobre a possibilidade de o Federal Reserve dos EUA flexibilizar sua política monetária em algum momento, devido à turbulência internacional.

Segundo Loyola, caso isso aconteça, o Brasil terá espaço para fazer o mesmo, mas este não é o cenário mais provável agora. Ele ressalta que analistas esperam que o Fed aumente suas taxas em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, poucas horas antes da definição do BC brasileiro. Além disso, o Banco Central Europeu elevou sua taxa em 0,50 ponto percentual, contrariando a visão de alguns investidores de que a turbulência financeira levaria o BCE a desacelerar o ritmo de aperto para 0,25 ponto.

Gustavo Loyola destacou que o Banco Central do Brasil vai analisar cuidadosamente os riscos do cenário global para a economia doméstica, mas sua decisão continuará focada em fatores locais, tendo o combate à inflação como “principal prioridade”.

Assim, mesmo com as incertezas internacionais e a expectativa de um novo arcabouço fiscal, o ex-presidente do BC prevê que a taxa de juros Selic deve permanecer inalterada no curto prazo, com possíveis cortes somente a partir de setembro.

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