A gestora Kinea, que administra R$ 132 bilhões, divulgou suas projeções para 2025, utilizando a metáfora das quatro estações de Vivaldi para classificar os ativos e economias. A gestora prevê um cenário positivo para a bolsa americana, enquanto Brasil, China e Europa enfrentariam dificuldades.
A Kinea posiciona os ativos ligados à economia americana nas estações mais quentes, primavera e verão. Segundo Ruy Alves, sócio e gestor da Kinea, o governo Trump dará novo fôlego à bolsa americana, especialmente para ativos fora das “Magnificent Seven” (as sete maiores empresas de tecnologia). Alves acredita que mesmo uma eventual pressão inflacionária, causada pelas tarifas de Trump e pelas novas regras anti-imigração, não será suficiente para prejudicar a economia americana. Ele também vê potencial nos resultados do Department of Government Efficiency (DOGE), liderado por Elon Musk.
Apesar do otimismo com a bolsa, a Kinea prevê juros mais altos do que o esperado anteriormente.
“Mas Bolsa não é juro baixo, bolsa é crescimento econômico – e a Bolsa americana é de alto crescimento”, afirmou Alves.
Diferentemente dos últimos anos, a gestora acredita que as empresas mais beneficiadas serão as que estão fora das Mag 7. Em 2024, as ações das big techs tiveram alta acumulada de 210%, enquanto o restante do S&P 500 subiu 30%. Além disso, a Kinea prevê a valorização do dólar em 2025 devido às tarifas de Trump.
No “verão”, a gestora vê continuidade na alta dos investimentos em inteligência artificial, com destaque para Microsoft e Amazon. A Kinea projeta que a receita da Microsoft com ferramentas de IA, como Copilot e Azure AI, aumentará de 2% em 2024 para 12% em 2025 e 23% em 2026. A gestora também mantém otimismo com empresas de chips, como TSMC, Marvell e Broadcom, e com o ouro, impulsionado pela demanda da China e Índia.
Outono e inverno para Brasil, China e Europa
O Brasil, sob o governo Lula, está no outono, próximo do inverno, segundo a Kinea. Com pressão fiscal e juros acima de 14%, Alves prevê crescimento zero do PIB no segundo semestre de 2025 e aumento da dívida pública.
“E sem crescimento, a dívida vai crescer ainda mais rápido”, disse ele, prevendo gastos de R$ 1 trilhão com juros da dívida em 2025.
A gestora afirma que a economia brasileira “rodou com esteroides” nos últimos dois anos, com impulso fiscal de 3% do PIB. Para Alves, o pacote econômico do governo é insuficiente. Por isso, 80% do risco da carteira da Kinea está em ativos fora do Brasil, incluindo posições vendidas em moedas europeias e no renminbi.
A Kinea posiciona China e Europa no inverno. Apesar dos esforços do Partido Comunista, a economia chinesa não se recupera, e o governo Trump não ajudará, segundo Alves. A Europa enfrenta situação ainda mais complicada, com queda na produtividade e instabilidades políticas, o que deve reduzir ainda mais sua competitividade.