- Economistas de instituições como Bradesco, BV e Tendências já preveem recessão técnica para 2025, com dois trimestres consecutivos de contração do PIB
- Dados recentes mostram queda no varejo, serviços e criação de empregos, sinalizando desaceleração econômica no Brasil
- Com o fim do impulso da safra de grãos, a economia brasileira enfrentará os efeitos dos juros elevados, aumentando a possibilidade de recessão
A economia brasileira começa a dar sinais de perda de tração, com uma série de indicadores fracos divulgados nas últimas semanas. Alguns desses dados vieram abaixo das expectativas, gerando preocupações sobre uma possível inflexão no ciclo de crescimento.
O cenário de recessão técnica, caracterizado por dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB), já é uma possibilidade considerada por economistas de importantes instituições financeiras.
Possibilidade
Entre as instituições que já contemplam a possibilidade de recessão técnica estão Bradesco, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura, Tendências e BV. Para essas casas, o cenário mais provável é de desaceleração econômica, com revisões para baixo nas previsões de crescimento.
A pressão dos juros elevados, impostos pelo Banco Central para conter a inflação, pode intensificar essa tendência de desaceleração. Assim, com a chance de uma recessão técnica considerada cada vez mais real por especialistas.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana de dezembro mostraram um cenário preocupante. As vendas do varejo e o volume de serviços prestados caíram mais do que o esperado. E, além disso, o Brasil gerou menos empregos formais do que o estimado pelos analistas.
Em novembro, foram registrados apenas 106,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, o menor saldo para o mês desde o início da série histórica, em 2020. O número ficou abaixo da previsão média de 125 mil vagas. Na indústria, a produção também apresentou uma queda acumulada de 0,8% entre outubro e novembro.
Desaceleração esperada
Esses resultados indicam que o crescimento da economia brasileira, que superou seu potencial nos últimos anos, pode ter chegado ao fim. A tendência de desaceleração já era esperada para o último trimestre de 2024, mas o impacto positivo da safra recorde de grãos, especialmente da soja, deve ajudar a impulsionar o crescimento no início de 2025.
Contudo, à medida que os efeitos da produção agrícola se dissiparem, a economia enfrentará os impactos dos juros mais altos. Ainda, sem o suporte dos estímulos fiscais que ajudaram a sustentar o crescimento nos últimos anos.
Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências, afirma que a economia brasileira sofrerá um impacto maior com o fim do efeito positivo da agricultura, seguido por um aperto nas condições financeiras.
Contudo, decorrente da política monetária restritiva e da contenção nos gastos públicos. A Tendências projeta uma queda do PIB de 0,6% no terceiro trimestre de 2025 e 0,2% no quarto trimestre.
O Banco BV também antecipa uma recessão técnica para o segundo semestre de 2025, com uma queda de 0,5% no terceiro trimestre e outra de 1% nos últimos três meses do ano.
Já o Bradesco projeta duas quedas trimestrais de 0,3% no segundo semestre de 2025. Enquanto a Monte Bravo acredita que a recessão começará já no segundo trimestre, com uma contração de 0,5% em cada um dos dois primeiros trimestres.
Transmissão da política monetária
Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, afirma que a desaceleração econômica resulta diretamente da transmissão da política monetária restritiva.No entanto, que impacta principalmente os setores mais dependentes de crédito. Esses setores devem ser os mais afetados ao longo de 2025, ampliando a pressão sobre a atividade econômica.
Com os sinais de enfraquecimento da economia, a recessão técnica passa a ser vista como uma possibilidade mais concreta. Dessa forma, com o mercado atento às próximas movimentações do Banco Central e aos impactos da política monetária.
A expectativa de que o crescimento do PIB não se sustente ao longo de 2025 coloca o Brasil em uma trajetória de desafios econômicos. Dessa forma, à medida que os efeitos dos juros altos começam a ser mais visíveis.