Rentabilidade menor

Renda fixa em apuros? Caso Banco Master obriga FGC a endurecer regras e limitar CDBs a 120% do CDI

Mudança busca reforçar segurança do sistema, mas especialistas alertam que investidores podem ver rentabilidades menores nos próximos anos.

fgc GDI
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  • Caso Banco Master acelerou mudanças no FGC, válidas a partir de 2026.
  • Bancos médios e pequenos terão mais custos e menos espaço para oferecer CDBs acima de 120% do CDI.
  • Investidores devem se preparar para menores rentabilidades, mas com mais segurança no sistema.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças profundas nas regras do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) após a polêmica envolvendo o Banco Master, que oferecia CDBs a até 120% do CDI usando a cobertura do fundo como chamariz. As novas normas passam a valer em 1º de junho de 2026.

O objetivo é conter riscos excessivos de bancos médios e pequenos, preservar a estabilidade do sistema financeiro e evitar que o próprio FGC seja exposto a perdas elevadas em caso de quebras. Apesar do reforço na segurança, especialistas alertam para efeitos diretos sobre a renda fixa, com menos espaço para taxas elevadas.

O que muda nas regras do FGC

A partir de 2026, o gatilho para cobrança da Contribuição Adicional (CA), taxa extra paga ao fundo, cairá de 75% para 60% do total captado com garantia do FGC. Além disso, a alíquota dobrará, passando de 0,01% para 0,02%.

Outra novidade: se os depósitos garantidos superarem em dez vezes o patrimônio líquido ajustado do banco, o excedente precisará ser direcionado para títulos públicos, considerados ativos seguros. A medida deve reduzir a prática de usar recursos do FGC para financiar investimentos de alto risco.

Na prática, bancos que se apoiavam excessivamente no fundo terão de pagar mais caro ou rever sua estratégia de funding, tornando o processo de captação mais disciplinado.

Impacto para bancos médios e pequenos

Especialistas avaliam que os mais afetados serão bancos médios e pequenos, que dependem fortemente do FGC para atrair investidores. Segundo Gustavo Rabello, do SouzaOkawa, a regra pode encarecer uma das principais fontes de captação dessas instituições.

Henrique Castro, da FGV EESP, destaca que a norma busca evitar distorções, como as verificadas no caso do Master, que comprava ativos arriscados como precatórios e ações voláteis. “O regulador percebeu que o FGC corria risco de arcar com prejuízos relevantes caso houvesse quebra de instituições”, disse.

Para a ABBC (Associação Brasileira de Bancos), o prazo até 2026 é necessário para adaptação, mas há preocupação de que o impacto seja imediato no mercado, com menos CDBs oferecendo taxas superiores a 120% do CDI.

O que muda para o investidor

Para quem aplica em renda fixa, a consequência mais visível será a redução das rentabilidades. Analistas projetam que, com a Selic a 15% ao ano e as novas regras do FGC, os CDBs devem se acomodar em torno de 110% do CDI.

De acordo com Lucas Dezordi, da PUC-PR, o efeito pode ser sentido antes mesmo de 2026, já que o mercado costuma se ajustar rápido. Para Marília Fontes, da Nord Investimentos, o maior impacto recai sobre os bancos, que perdem acesso a um “funding barato”, enquanto o investidor terá menos ofertas agressivas.

Ainda assim, especialistas destacam que a mudança aumenta a segurança do sistema. Para Marco Aurélio Cunha, da Guarnera Advogados, o fundo ficará mais robusto ao exigir maior disciplina das instituições.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.