Resultado ruim? Ações da Vale sofrem após prévia do 4T23

Nesta terça-feira, as ações da Vale (VALE3) enfrentaram mais uma sessão de queda, com uma desvalorização de 1,14% a R$ 68,38 por ação por volta das 14h30, apesar da positiva recepção dos números operacionais pela comunidade analítica. Este movimento negativo no preço das ações ocorre em um contexto de recuo nos preços do minério de ferro, ruídos políticos envolvendo a mineradora e a recente divulgação do relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2023, onde a empresa demonstrou notável desempenho operacional.

Conforme os dados divulgados, a Vale atingiu uma produção de minério de ferro de 89,4 milhões de toneladas no último trimestre, representando um aumento sequencial de 3,7% e um crescimento anual de 10,6%. Além disso, a mineradora alcançou o guidance proposto para o ano de 2023, com uma produção total de minério de ferro de 321,1 milhões de toneladas, superando as projeções de aproximadamente 315 milhões de toneladas. Esses resultados são vistos como uma sinalização positiva de que a Vale continua a operar de forma resiliente e em crescimento, conforme avaliado por Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

Apesar dos desafios enfrentados, incluindo a cobrança de R$ 25,7 bilhões do governo federal por uma outorga de concessão e a antecipação de uma reunião extraordinária do conselho de administração para definir o novo CEO, analistas mantêm uma visão otimista sobre a governança corporativa da Vale e seu potencial de recuperação. O desempenho da unidade de metais básicos da empresa também se destacou positivamente, com a produção de cobre alcançando 99,1 mil toneladas, impulsionada pelo ramp-up bem-sucedido da Salobo III, e os embarques de cobre surpreendendo com um aumento de 36% ano a ano.

No entanto, o desempenho do níquel foi mais fraco em comparação anual, embora tenha ficado em linha com o guidance. A Empiricus aponta que essa trajetória de produção menor já era esperada pelo mercado devido a ajustes nas principais minas de níquel.

Diante de uma queda acumulada de mais de 10% na bolsa em 2024, analistas veem uma janela de oportunidade de compra para as ações da Vale. Instituições financeiras, com exceção da XP que mantém uma visão neutra, classificam a Vale com a melhor avaliação possível. O BTG Pactual, por exemplo, antecipa um ambiente operacional mais favorável para a companhia em 2023, impulsionado por um mercado de minério de ferro que deve continuar enfrentando déficit e revisões altistas contínuas.

A Vale é considerada uma das favoritas para se beneficiar da reaceleração da economia chinesa, com analistas projetando retornos de caixa de 12-13% para 2023/24, incluindo um programa de recompra de ações. Além disso, o Goldman Sachs destacou cinco motivos para ser comprador do papel, incluindo um mercado equilibrado do minério de ferro para 2024, momentum operacional positivo, exposição relativamente baixa do investidor, valuation atrativo e a expectativa de manutenção dos estímulos por parte do governo chinês.