- O CDS de 5 anos subiu para 205 pontos em dezembro de 2024, com um aumento de 72,53 pontos em relação ao ano anterior
- Em dezembro, o CDS subiu 43,5 pontos devido às negociações tensas entre governo e Congresso sobre o pacote fiscal
- O CDS é um indicador do risco de inadimplência de um país, e seu aumento reflete a falta de confiança dos investidores
O Credit Default Swap (CDS) de 5 anos, um dos principais indicadores de risco país, registrou um aumento significativo em 2024. Dessa forma, fechando o ano em 205 pontos em 30 de dezembro.
Este número representa o maior patamar desde maio de 2023 e reflete um crescimento de 72,53 pontos em relação ao final de 2023. Assim, quando o índice estava em 132,49 pontos.
A alta foi a mais expressiva desde 2015, período marcado pela recessão econômica no governo de Dilma Rousseff, quando o CDS subiu 287,9 pontos.
Termômetro
O CDS de 5 anos é utilizado como um termômetro da confiança dos investidores em relação à capacidade de um país honrar suas dívidas.
Quanto maior o valor do CDS, maior é a percepção de risco por parte do mercado. Indicando, assim, que os investidores acreditam que a chance de inadimplência aumentou. Nesse sentido, o aumento significativo do índice em 2024 reflete uma piora na percepção dos investidores sobre a situação fiscal e econômica do Brasil.
Em dezembro de 2024, o CDS subiu 43,5 pontos, registrando uma alta particularmente acentuada no mês.
Esse crescimento teve como principal impulso a incerteza gerada pelas negociações entre o governo e o Congresso em torno do pacote fiscal.
As discussões e divergências sobre como lidar com o orçamento público e implementar medidas fiscais eficazes afetaram diretamente a confiança dos investidores. Contudo, contribuindo para a piora da percepção de risco.
O pacote fiscal, que visava aumentar a arrecadação e controlar os gastos públicos, se tornou um ponto de tensão, com propostas que enfrentaram resistência no Congresso.
A dificuldade do governo em obter apoio para a implementação de suas políticas fiscais criou um ambiente de instabilidade política. Assim, o que aumentou as preocupações sobre a capacidade do Brasil de equilibrar suas contas públicas no curto e médio prazo.
O papel do CDS e as incertezas no mercado financeiro
Essas incertezas fiscais e políticas reverberaram negativamente no mercado financeiro, que respondeu com uma elevação significativa do CDS.
A consequência disso é que, ao final de 2024, os investidores estavam exigindo um prêmio maior para proteger suas aplicações contra o risco de inadimplência do governo brasileiro.
Para entender o impacto dessa alta no CDS, é importante compreender o funcionamento desse instrumento.
O CDS pode ser visto como um “seguro” contra o risco de inadimplência de uma dívida. Investidores que possuem títulos de dívida, como os emitidos por um governo, podem comprar um CDS para se proteger. Assim, caso o emissor não cumpra com o pagamento. Se isso ocorrer, o vendedor do CDS assume o prejuízo e compensa o investidor.
Além de ser utilizado como um seguro, o CDS funciona como um indicador de risco. Em períodos de maior instabilidade política e econômica, como o vivido pelo Brasil em 2024, a percepção de risco aumenta. E, assim, o valor do CDS tende a subir.
Isso reflete a falta de confiança do mercado na capacidade de pagamento do país, o que leva os investidores a exigir uma maior proteção.
Em economias instáveis, o CDS torna-se um termômetro da saúde fiscal e da confiança na administração pública. No caso do Brasil, o aumento do CDS em 2024 reflete o agravamento das preocupações dos investidores em relação à sustentabilidade fiscal. Além da capacidade do governo de implementar reformas e políticas econômicas eficazes.
Risco País e os reflexos para a economia
O aumento do CDS tem reflexos diretos sobre a economia brasileira, pois sinaliza um aumento nos custos de financiamento para o governo e as empresas brasileiras.
Com um risco país mais elevado, os investidores exigem juros mais altos para emprestar dinheiro ao Brasil. Dessa forma, o que pode elevar o custo da dívida pública e tornar mais caro o financiamento de projetos e investimentos no país.
Além disso, o aumento do CDS também pode afetar o mercado de câmbio, levando à depreciação do real frente ao dólar, o que, por sua vez, pode aumentar a inflação e pressionar a renda da população.
Em um cenário de crise fiscal, como o observado em 2024, esses efeitos podem se intensificar, gerando um ciclo de incerteza que prejudica a recuperação econômica.