O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, confirmou em entrevista ao jornal ao O Globo que o governo está se preparando para adotar novas medidas fiscais em 2025, com o objetivo de reduzir as incertezas que afetam os investidores e estabilizar a economia. Essas medidas devem seguir após a aprovação do Orçamento de 2025, previsto para ser debatido no Congresso nas próximas semanas.
Durigan destacou que as novas propostas de corte de despesas e ajuste na arrecadação visam restaurar a confiança do mercado, que continua com reservas em relação à sustentabilidade fiscal do Brasil. O dólar, que ultrapassou o patamar de R$6 no ano passado, segue em níveis elevados, o que tem gerado preocupações entre analistas econômicos.
“O impacto das políticas fiscais de 2024 na inflação não deve ser superestimado”.
afirmou Durigan, rechaçando uma relação direta entre os ajustes fiscais e o aumento de preços no país.
O governo federal cumpre a meta de um déficit primário de R$12 bilhões em 2024, superando as expectativas do mercado, mas ainda enfrenta desafios, como a insustentabilidade da dívida pública.
“O arcabouço fiscal está funcionando, e fizemos o maior ajuste fiscal dos últimos tempos”.
disse Durigan em entrevista ao O Globo
Ele acrescentou que, ao contrário de outras nações latino-americanas, o Brasil não adotou medidas austeras, o que ajudou a minimizar os impactos negativos sobre a economia.
Reforma do sistema de gastos públicos
A principal novidade nas propostas do Ministério da Fazenda é a insistência em controlar os “supersalários” e revisar os gastos do governo, com foco em setores de alto custo. Durigan enfatizou a necessidade de medidas “moralizantes”, com foco na revisão de despesas no “andar de cima” da administração pública. Isso incluiria ajustes no pagamento de salários que extrapolam os limites da Constituição.
“Estamos comprometidos com a responsabilidade fiscal, o que inclui ajustes estruturais no sistema de arrecadação e despesas públicas”.
explicou o secretário.
Em relação ao cenário de inflação de 2024, Durigan indicou que fatores sazonais, como mudanças climáticas, influenciaram a alta dos preços, mas que a despesa pública não foi um fator determinante. A comparação entre a despesa federal e o PIB mostra uma redução da participação de 19,5% em 2023 para 18,5% em 2024, refletindo os esforços de contenção de gastos.
Projeções para 2025: consolidação dos avanços fiscais
O governo também tem como meta a consolidação dos avanços fiscais de 2024 e a continuidade da agenda fiscal para 2025. Durigan ressaltou a importância de vencer o pessimismo do mercado e fortalecer a política fiscal, com foco no controle da inflação, crescimento sustentável e manutenção da responsabilidade fiscal. “Em 2025, será o ano de consolidar o que foi feito, sem retrocessos”, afirmou.
As propostas de novas medidas fiscais devem ser discutidas no primeiro semestre de 2025, e o governo está atento às críticas de que o atual pacote fiscal pode ser vulnerável a medidas eleitoreiras. Durigan afirmou que a comunicação do governo sobre essas questões será intensificada para garantir que as expectativas do mercado estejam alinhadas com os resultados entregues.
Desafios no câmbio e juros
Embora o governo tenha alcançado progressos na contenção de despesas, Durigan expressou preocupação com o impacto do câmbio e dos juros elevados na economia. O dólar continua com valorização em relação ao real, em grande parte devido ao cenário externo, como a política monetária dos Estados Unidos.
“O cenário externo é um fator importante, mas estamos trabalhando para melhorar a comunicação do governo e garantir que as medidas fiscais tenham o impacto desejado”.
afirmou.
Com relação às taxas de juros, Durigan reiterou que a equipe econômica continua monitorando o mercado e buscando formas de mitigar os efeitos do aumento da taxa Selic. A taxa de juros, aliada ao câmbio volátil, continua sendo uma preocupação central para a equipe econômica.