Fluxo cambial

Sob Lula, saída de dólares do Brasil bate recorde histórico

O Banco Central divulgou que o fluxo cambial do Brasil em 2024 foi negativo em US$ 15,918 bilhões, marcando a terceira maior saída líquida de dólares na história do país.

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O fluxo cambial do Brasil encerrou 2024 com um resultado negativo de US$ 15,918 bilhões, conforme informações preliminares divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira, 2 de janeiro de 2025. Essa saída líquida de dólares representa a terceira maior acumulada anualmente na série histórica do Banco Central, superada apenas pelos anos de 2019 e 2020, quando as saídas líquidas atingiram US$ 44,768 bilhões e US$ 27,923 bilhões, respectivamente.

Os dados contemplam o fluxo de moeda estrangeira registrado entre 1º de janeiro e 27 de dezembro de 2024. O BC deverá divulgar informações adicionais sobre os dados dos dias 30 e 31 de dezembro na próxima quarta-feira, 8 de janeiro.

Dados de Fluxo Financeiro e Comércio Exterior

No acumulado do ano passado, o fluxo financeiro apresentou um saldo negativo de US$ 84,396 bilhões, resultante de US$ 589,989 bilhões em compras e US$ 674,385 bilhões em vendas. Este segmento inclui investimentos estrangeiros diretos e em carteira, além de remessas de lucro e pagamentos de juros.

Embora o fluxo cambial tenha sido negativo, o saldo do comércio exterior foi positivo em US$ 68,478 bilhões em 2024. As importações totalizaram US$ 229,978 bilhões, enquanto as exportações alcançaram US$ 298,456 bilhões.

Dentro das exportações, destacam-se US$ 33,150 bilhões referentes a adiantamento de contrato de câmbio (ACC), US$ 73,745 bilhões em pagamentos antecipados (PA) e US$ 191,561 bilhões em outras entradas.

Brasil corre risco de se tornar insolvente

A crescente dívida pública sob o governo Lula tem gerado ansiedade entre os investidores, que buscam cada vez mais títulos indexados à Selic para financiar o governo, em detrimento dos títulos prefixados. Esse movimento reflete a aposta na manutenção dos juros altos e a busca por proteção contra a incerteza econômica.

Em outubro, os títulos flutuantes (indexados à Selic) atingiram 45,9% da dívida pública federal, um aumento de 7,7 pontos percentuais em relação a dezembro de 2022, antes do início do governo Lula. A participação dos títulos prefixados caiu de 27% para 22,2% no mesmo período, assim como os títulos indexados à inflação, que recuaram de 30,2% para 27,3%.

A procura por títulos atrelados à Selic e por operações compromissadas de curto prazo evidencia a incerteza dos investidores. Dados da MCM Consultores mostram que quase metade (48,1%) da dívida pública mobiliária interna está nessas modalidades.

Impactos do aumento de gastos

O aumento dos gastos públicos no governo Lula é apontado como a principal causa da mudança no perfil da dívida e da alta do dólar, que chegou a R$ 6,30 em 2024, uma valorização de 30%. A alta do dólar pressiona a inflação, levando o Banco Central a aumentar a Selic para conter a desvalorização cambial e atrair investidores.

A cada ponto percentual de aumento na Selic mantido por 12 meses, a dívida bruta cresce R$ 50 bilhões. O ciclo de três pontos percentuais anunciado pelo BC representará R$ 150 bilhões, mais que o dobro da economia de R$ 70 bilhões prevista no pacote de ajuste fiscal do ministro Fernando Haddad.

Especialistas criticam a resistência do governo a cortes mais profundos nos gastos, alertando para a deterioração da situação financeira do país. Outro risco é a dominância fiscal, situação em que a alta dos juros perde eficácia para controlar a inflação.

Risco de dominância fiscal

Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre-FGV, acredita que o Brasil ainda não está sob dominância fiscal, mas os próximos meses serão cruciais. Ele destaca o potencial impacto dos juros na economia em 2025, mas também a possibilidade de Lula, em “modo reeleição”, continuar aumentando os gastos para manter o crescimento.

Marcus Pestana, da Instituição Fiscal Independente (IFI), também não vê dominância fiscal instalada, mas projeta aumento de 12,4 pontos percentuais na relação dívida/PIB durante o governo Lula, chegando a 84,1%. Para ele, enquanto a trajetória da dívida não for interrompida, o mercado continuará exigindo juros cada vez maiores.

José Júlio Senna, do Ibre-FGV, não acredita que o governo ajustará as contas até o fim do mandato, prevendo alta contínua da relação dívida/PIB e dos juros, sem descartar um cenário de dominância fiscal. Ele destaca a crença do governo no “gasto como motor da economia” e a intenção de Lula de evitar a desaceleração econômica até o fim de seu mandato.

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