O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira, revela que a proporção de brasileiros vivendo em casas alugadas atingiu 20,9%, um aumento significativo em relação aos 16,4% registrados em 2010. Trata-se do maior percentual desde 1980, quando o número era de 16,8%. Esse dado reflete uma tendência crescente no país, que enfrenta um cenário de juros mais altos e custos elevados no crédito imobiliário.
De acordo com os dados, sete em cada dez pessoas (72,9%) viviam em imóveis próprios em 2022, uma queda em relação aos 75,2% de 2010 e 76,8% registrados no início dos anos 2000. A alta dos juros, que tornam o financiamento imobiliário mais caro, contribui para dificultar o acesso à casa própria, afastando ainda mais o sonho da aquisição do lar.
Pico entre jovens adultos
O percentual de pessoas que vivem de aluguel é mais expressivo entre os jovens de 25 a 29 anos, atingindo 30,3%. Esse número está diretamente ligado ao ciclo de vida e à transição para a independência financeira, mas também é impactado pela dificuldade de acesso à casa própria nesse período da vida. Após os 30 anos, a proporção de pessoas que optam pelo aluguel diminui, caindo para 20,2% na faixa etária de 40 a 44 anos.
Mães solteiras e famílias pequenas preferem alugar
A pesquisa também identificou que, em 2022, muitas mães solteiras optaram por residências alugadas. De acordo com o IBGE, uma significativa parcela dos domicílios alugados (38,5%) é composta por adultos com crianças. Além disso, 27,8% dos lares alugados são formados por pessoas que moram sozinhas.
“Arranjos familiares monoparentais, predominantemente femininos, estão em maior proporção nas residências alugadas”.
Afirmou o instituto em sua publicação.
Mudança nas preferências de moradia
O Censo também observou que os brasileiros estão morando em casas maiores. Em 2022, 73,6% da população vivia em casas com cinco a nove cômodos, um aumento significativo quando comparado aos anos anteriores. O número de domicílios com até três cômodos caiu, enquanto os com até cinco cômodos cresceram.
Bruno Mandelli Perez, analista do IBGE, destacou em reportagem do Jornal O Globo: “O número de moradores por domicílio diminuiu bastante ao longo das décadas. A demanda por grandes residências, com grandes cômodos, possivelmente arrefeceu.” Além disso, a qualidade das moradias também melhorou, com um aumento no percentual de casas com revestimento, que passou de 79% para 87% nos últimos 12 anos.