O projeto Worldcoin, criado por Alex Blania e Sam Altman (CEO da OpenAI), suspenderá suas operações no Brasil. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (11) pela Tools for Humanity, empresa responsável pelo projeto, após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) negar um recurso que pedia o adiamento da determinação de fim dos “incentivos financeiros” para o registro de íris de usuários.
A ANPD havia ordenado, inicialmente, a suspensão da oferta de criptomoedas aos usuários que registrassem suas íris. Atualmente, o usuário pode receber mais de R$ 600 na Worldcoin (WLD), a criptomoeda oficial do projeto, após realizar o escaneamento da íris e obter o World ID, uma espécie de “prova de humanidade” usada para diferenciar humanos de inteligências artificiais (IAs).
A Tools for Humanity entrou com um recurso pedindo o adiamento da decisão da ANPD, mas o pedido foi negado. A ANPD considerou que a compensação financeira era uma “interferência indevida” que influenciava os usuários a ceder dados sensíveis. A agência também avaliou que o “tratamento de dados pessoais realizado pela empresa se revelou particularmente grave”.
Suspensão Temporária e Compromisso com a Lei
Em comunicado à EXAME, a Tools for Humanity afirmou que “respeita a decisão da ANPD” e que “será necessário tempo para cumprir com a sua ordem”. Para garantir a conformidade durante o processo de mudança, a empresa decidiu “voluntariamente e temporariamente pausar o serviço de verificações” no Brasil.
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A empresa informou que os espaços físicos do Worldcoin permanecerão abertos para fornecer educação e informações ao público e pediu desculpas por qualquer inconveniente.
“O World segue seu compromisso em cumprir com as leis nos mercados onde opera e continuará trabalhando para garantir transparência e entendimento público desse serviço essencial, que busca aumentar a segurança e confiança online na era da IA”, destacou a empresa.
Problemas com Reguladores em Diversos Países
Lançado em 2023, o Worldcoin acumula problemas com reguladores de diversos países. O projeto chegou a operar no Brasil por algumas semanas em 2023, mas suspendeu as operações, caracterizadas como um “teste”.
O Worldcoin já foi suspenso em Portugal e na Espanha e é alvo de investigações em países como França, Coreia do Sul e Argentina. A principal preocupação é o uso de dados biométricos, considerados extremamente sensíveis, pois são imutáveis. Um vazamento desses dados poderia causar prejuízos de longo prazo aos usuários.
Em entrevista recente à EXAME, o responsável pelo projeto no Brasil negou as acusações de que o Worldcoin envolve a “venda” da íris dos usuários. Ele afirmou que o registro da íris é substituído por um código, o que evitaria prejuízos em caso de vazamentos.
