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O efeito China nos índices de comércio exterior

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Além da guerra na Ucrânia, o novo lockdown na China, como medida para conter a propagação da COVID-19, veio a intensificar os gargalos que ainda não tinham sido superados nas cadeias de suprimento globais, levando a novas pressões inflacionárias.

Após a queda dos preços no comércio exterior, com a recessão causada pela pandemia, os preços iniciam uma escalada de aumentos no início de 2021, impulsionados pela recuperação da demanda mundial. Para o Brasil, o aumento do PIB da China em 8,1%, puxando a demanda por commodities, levou a uma trajetória de variações crescentes internanuais mensais, com os preços de exportações crescendo acima dos preços dos importados (Gráfico 1 do press release). Esse comportamento muda a partir do final de 2021 e as variações nos preços importados superam as das exportações.

Comportamento inverso é observado em relação ao volume, onde as variações das importações superam as das exportações, até final de 2021. Destaca-se a desaceleração da variação do volume importado desde setembro de 2021, o que seria explicado pela desvalorização cambial, mas também pelo menor crescimento do nível de atividade da economia brasileira. No caso das exportações, o comportamento tem um caráter sazonal associado com as commodities (Gráfico 2 do press release).

Observa-se que, desde o final de 2021, os preços de importações superam os das exportações, tanto na série das commodities como na das não commodities. Ressalta-se, porém, que o preço das exportações das não commodities não mostra uma tendência de desaceleração como o das commodities (Gráficos 3 e 4 do press release).

O Gráfico 5 do press release mostra o aumento dos preços importados de bens intermediários. Observa-se que a disparada dos preços de bens intermediários da agropecuária é anterior ao choque de oferta causado pela Russia na área de fertilizantes. Nesse caso, com a guerra na Ucrânia, essa é uma situação que deva perdurar nos próximos meses.

O fato novo para esse cenário, entretanto, é a perspectiva que o lockdown na China leve a uma desaceleração do crescimento do país, que pode contribuir para a queda nos preços. No entanto, o estrangulamento na oferta das cadeias de suprimento e nos canais de logística sugerem que esse resultado não deverá ser imediato e deverá ser pouco relevante para esse ano. Fica, porém, o efeito de redução da demanda para as commodities, que acompanham o nível de atividade econômica do país, como o minério de ferro. Para as exportações brasileiras não seria uma boa notícia.

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Os dados acumulados no ano até abril mostram que as exportações chinesas cresceram 6,6% e a participação nas exportações totais do Brasil caiu de 33,5% pra 28,7%, entre o acumulado de 2021 e 2022. As exportações de minério de ferro (3º principal produto de exportação brasileira para o país) recuou 32,6%, mas houve um crescimento de 88,3% para a carne bovina. O superávit comercial com a China reduziu de US$ 13,4 bilhões para US$ 10,4 bilhões, enquanto o do Brasil aumentou de US$ 18 bilhões para US$ 20,2 bilhões, na comparação do 1º quadrimestre de 2021 e o de 2022. O saldo com a China explicou 52% do superávit comercial. Mesmo com a retração do crescimento chinês, o país deverá manter a sua posição de liderança no comércio exterior brasileiro.

Dados ICOMEX do primeiro quadrimestre de 2022.

Entre os meses de abril de 2021 e 2022, as exportações cresceram, em valor, 10,7% e as importações, 29%. A maior variação no valor importado é explicada pelo aumento dos preços (35,4%), pois o volume caiu 5%. Nas exportações, os preços aumentaram 21,1% e o volume recuou 9%. Logo, tanto nas exportações como nas importações, houve redução do comércio em volume e aumento de preços. Na comparação do acumulado do ano até abril (Gráfico 6 do press release), repete-se o mesmo comportamento, exceto para o volume exportado que aumentou em 3,5%.

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As exportações de commodities registraram queda de 13,8%, no volume exportado, e as de não commodities cresceram 1,6%, na comparação interanual do mês de abril entre 2021 e 2022. O preço das commodities aumentou em 22,2% e o das não commodities em 20,8%. Foi a redução nas vendas de commodities que explicou, portanto, a queda nas exportações, em abril. Na comparação do acumulado do ano até abril, todas as variações são positivas. Observa-se que as vendas de não commodities superaram, em volume, as das commodities e os preços das commodities os das não commodities (Gráfico 7 do press release).

Em termos de volume, as importações de commodities caíram 6,1% e as das não commodities, 5,1%, entre abril de 2021 e 2022. Os preços, no entanto, registraram altas de 82,9% (commodities) e 30,8% (não commmodities). Na comparação entre os primeiros quadrimestres do ano, o volume importado das commodities cresceu (10,9%) e das não commodities recuou (4,6%). A variação nos preços das commodities foi de 61,3% e das não commodities, de 29,5%. O principal canal da influência externa sobre os preços se dá, portanto, via preços das importações de commodities (Gráfico 8 do press release).

No Grafico 9 do press release, foram destacados os índices de volume e preços das exportações e importações de petróleo e derivados. O efeito preço domina o comportamento desse agregado, que avançou 54,8% e 73,0% nas exportações e importações, entre os acumulados do ano até abril. Entre os meses de abril de 2021 e 2022, caíram os volumes exportado (24,2%) e importado (9,7%), mas os preços continuam em alta: exportações (46,4%) e o das importações (98,4%).

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Na comparação interanual do mês de abril, o volume exportado da agropecuária caiu 26,6%, da extrativa, 15,4%, e o da transformação aumentou em 4,2%. Nas importações, apenas a agropecuária registrou variação positiva, de 6,8%. No caso dos preços exportados houve aumento de 46,7% para a agropecuária e nas importações, a lideranca é da extrativa, com variação de 157,4%.

O comportamento na comparação dos quadrimestres é similar. Como mostra o Grafico 10 do press release, a indústria extrativa liderou o aumento de preços (118,2%) das importações e a agropecuária, o das exportações (38,1) Em termos de volume exportado, o melhor desempenho foi da indústria de transformação, seguida da agropecuária. A indústria extrativa registrou queda.

O desempenho das exportações, em termos de volume, mostra recuo para as vendas na China e aumento para todos os outros mercados analisados (Grafico 11 do press release). Entre os meses de abril, o volume exportado para a China caiu 22,4%, em relação a abril de 2021. Para os Estados Unidos cresceu 3%, para a União Europeia recuou 0,2%, e para a Argentina cresceu 15,3%.

É o sinal de alerta para a queda das vendas para a China? O minério de ferro puxa essa queda e os embarques de soja estão desacelerando. Até o momento, as exportações crescem pelo efeito dos preços, que cresceram 20,1%, entre os meses de abril, o que não parece estar no horizonte imediato.

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