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O anúncio da entrada da cantora e empresária Anitta como membro do conselho de administração do Nubank certamente pegou de surpresa os clientes e público em geral. Em meio aos mais diversos tipos de reação, a novidade simplesmente não conseguiu passar despercebida.
De um lado, os clientes do banco digital, que também eram fãs da cantora, mal esperaram a novidade esfriar para fazerem pedidos de aumento do limite do cartão de crédito. Por outro lado, a reação negativa de outros grupos fez com que o Nubank mudasse alguns planos em relação ao andamento dessa novidade afim de evitar mais polêmicas.
A questão que ficou é: Afinal, o Nubank errou ao escolher Anitta para o conselho? Especialistas de diversas áreas acompanham de perto esse caso e comentam sobre erros e acertos até aqui, além dos possíveis caminhos a seguir.
Nubank, Anitta e a expansão internacional
A princípio, a trajetória de ascensão da cantora Anitta foi um fator importante para associação com o Nubank. Desde a origem humilde em Honório Gurgel, subúrbio do Rio de Janeiro, até a carreira internacional, a artista conseguiu construir uma história bem sucedida. Inclusive, isso também acabou se tornando um produto: o documentário “Anitta: Made in Honório” na Netflix.
Nesse sentido, ela conseguiu aproximar diversos públicos, seja pelas músicas, pela identificação com as origens, admiração pela história, entre outros, que a tornou uma figura das grandes massas. Ao mesmo tempo, a visão de negócios permitiu que o trabalho de sua imagem como artista se tornasse um “produto”, como a própria diz, que lhe rendeu a fortuna atual de US$ 100 milhões.
“O artista é um produto, como se fosse uma bebida, um perfume, um aparelho de celular ou qualquer outra coisa que será vendida. É preciso pensar em todos os aspectos positivos e negativos das estratégias e como endereçar as audiências.”
Anitta para a revista Forbes.
O desafio atual de Anitta é consolidar a sua carreira internacional, que a cantora já vem trabalhando nos últimos anos. E é justamente nesse ponto que a aliança com o Nubank se torna um interesse em comum.
Atualmente, o Nubank está avaliado em US$ 30 bilhões e é o maior banco digital do mundo. Considerando o potencial da fintech, o Brasil se tornou pequeno e o objetivo agora é trabalhar em uma expansão de alcance internacional. Pensando na união de interesses, dois aspectos entram em destaque: a publicidade e a administração.
A estratégia de publicidade
Do ponto de vista estratégico, o Nubank trouxe a bordo a artista brasileira que mais investe internacionalmente na carreira hoje em dia. Dessa forma, sob o aspecto internacional, ambos irão acessar um público que a outra parte já alcançou, ou pelo menos é familiarizado com a imagem.
Por outro lado, a reação dividida dos últimos dias mostrou que nem todos os fatores foram mapeados e que na prática, a teoria foi outra. É evidente que o banco digital gostaria de associar a participação da cantora com seus atributos favoráveis. Todavia, a entrada de uma pessoa engloba o “pacote completo”.
“Com o bônus, vem o ônus: a Anitta é uma pessoa que gera polêmica e, quando a marca se associa a ela, tem de ter condições de segurar o posicionamento que ela defende.”
Rafaella Lotto, sócia da YouPix, agência especializada em influenciadores digitais.
De acordo com Fabrizio Gueratto, palestrante, colunista do Estadão e autor do livro “De Endividado a Bilionário”, houve a falta um fator chave no anúncio: a falta de uma história que a ligasse com o mundo das finanças.
Não era necessário que ela se tornasse uma especialista, mas uma aproximação da imagem da cantora ao tema tornaria o impacto diferente, sobretudo em relação aos mais céticos.
Além disso, os comentários políticos são outro fator relevante, visto que tiveram força na mudança de planos de publicidade do Nubank. Para um banco, a forma de lidar com esse tipo de assunto difere da maneira como um artista se posiciona.
Ainda assim, segundo Fabio Mariano Borges, professor da ESPM especializado em tendências, essas campanhas de cancelamento digital não costumam afetar fortemente as empresas. Na verdade, ele diz que todas as vezes que bancaram posicionamentos nos quais acreditavam nas redes sociais, se deram bem em termos de valorização de ações e vendas.
E sobre a administração?
Em relação ao campo de administração, outro fator de destaque entra em jogo: o investimento de US$ 500 milhões da Berkshire Hathaway, gestora de Warren Buffet. Um investidor desse calibre certamente sabe considerar o que importa antes de entrar ou não em um negócio. E certamente, ele devia estar por dentro dos passos futuros do Nubank.
Além disso, vale dizer que o papel de um conselheiro é diferente de uma função mais próxima da operação, por exemplo. Conforme Larissa Quaresma, analista de investimentos da Empiricus Research, a contribuição do Conselho é trazer insights para os diretores, apresentando provocações.
“O papel do Conselho é trazer insights para os diretores, apresentar provocações. Falar: ‘Ah, você viu qual estratégia a pessoa está usando no outro setor, já pensou se podemos aplicar aqui?’. Aí o diretor trabalha em cima disso. É legal que o Conselho seja meio fora da caixa. No Conselho do Nubank, tem vários ex-Itaú, ex-banqueiros, pessoas que entendem muito do setor financeiro. É um conhecimento que a Anitta tem menos, mas ela sabe viralizar as coisas, criar e ser um fenômeno de marketing, tem seu lado empresária e se tornou milionária do nada. Então, faro comercial, no mínimo, ela tem.”
Larissa Quaresma, analista de investimentos da Empiricus Research, para o site Notícias da TV.
Assim, na visão da analista, Anitta vai trazer habilidades complementares dentro do grupo de conselheiros do Nubank. E caso o banco digital — que hoje ainda opera com prejuízos, mas dentro da estratégia — consiga apresentar lucros, terá um alto potencial de impulsionamento da imagem.
Portanto, apesar dos contratempos iniciais, os erros se mostram mais na comunicação do que propriamente na gestão, afinal o grupo é o mesmo com mais uma integrante de potencial reconhecido. No balanço final, a expectativa é que o case torne-se referência de toda forma.
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3 comentário
Meu esse CEO do Nubank, são loucos, Anitta, prefiro nomear o Tiririca. ou Eu. Ai afunda de vez. Está Demitido.
Errou e expos a imaturidade de quem indicou e de quem aprovou ! Como conselheira do Nubank, o que a Anita poderia acrescentar na gestão e decisão de investimento do banco ? Lamentável e fico preocupado se outras coisas semelhantes poderiam vir.
Estou deixando o Nubank.
Não quero compactuar com essa pessoa chamada Anita.