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O que teria levado a Rússia a invadir a Ucrânia?​

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A Rússia invadiu a Ucrânia há duas semanas (em 24/02/2022) e as discussões não tem cessado desde então sobre as razões por trás da ação russa.

O que teria levado a Rússia a invadir a Ucrânia?

Alguns analistas defendem que a razão principal da invasão da Ucrânia pela Rússia seria de cunho econômico. Argumentam que após o acordo de Livre comércio da Ucrânia com a União Europeia em 2014, a U.E. se tornou o principal parceiro comercial ucraniano. Além disso, o Acordo de Livre Comércio aproximou as empresas europeias e ucranianas. Como existe uma semelhança em alguns produtos de exportação da Ucrânia e da Rússia (p.ex.: trigo, petróleo e gás), o governo russo, argumentam, temeu que pudesse ficar isolado e perdesse espaço para a Ucrânia no comércio regional com a União Europeia. Além disso, um Acordo de Livre comércio atrai investimentos estrangeiros e internacionaliza a economia, tornando-a mais competitiva.

Esse fato também poderia significar que a Rússia teria que disputar investimentos estrangeiros com a Ucrânia, especialmente no setor de petróleo e gás, o que poderia resultar em menos investimentos estrangeiros para a Rússia e perda de competitividade a médio e longo prazo no setor.

Esses argumentos parecem não se justificar. A Rússia possui um PIB de cerca de US$ 1,4 trilhão e uma das maiores reservas mundiais de gás natural, a 8ª maior reserva de petróleo e a 2ª maior reserva de carvão. Esses produtos são fundamentais para amenizar o rigoroso inverno europeu e a Rússia responde por cerca de 40% do consumo de gás e petróleo europeu. Além disso, a Rússia é o maior exportador de gás natural do mundo e, apesar de não possuir a maior reserva de petróleo do mundo, é o maior produtor e o segundo maior exportador da commodity no mundo.

Além disso, para evidenciar o dinamismo da economia Rússia, pode-se verificar que as exportações da Rússia cresceram 45,7% em 2021, atingindo quase meio trilhão de dólares (US$ 493,3 bilhões) estando entre os 15 maiores exportadores mundiais, graças as vendas de petróleo, produtos químicos, produtos alimentícios e matérias-primas, máquinas e equipamentos e madeira e celulose. Os 5 maiores parceiros da Rússia em 2021 foram a China (intercâmbio de US$ 112,4 bilhões); Alemanha (US$ 46,1 bilhões); Holanda (US$ 37 bilhões); Estados Unidos (US$ 28,8 bilhões); e Turquia (US$ 25,7 bilhões). Já a Ucrânia, segundo o Banco Mundial, possuía um PIB de US$ 155,0 bilhões em 2021, equivalente a cerca de 1/10 (um décimo) do PIB russo e uma população que corresponde a cerca de ¼ aquela da Rússia (42 milhões de habitantes contra quase 150 milhões da Rússia). Além disso, a Ucrânia exportou menos de US$ 7,0 bilhões (US$ 6,8 bi) e importou quase US$ 8,0 bilhões (US$ 7,9 bi) em 2021, gerando uma corrente de comércio de US$ 15,0 bilhões, equivalente a menos de 5% das exportações russas.

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Dessa forma, afirmar que uma possível entrada da Ucrânia na União Europeia poderia representar uma potencial ameaça ao poderia econômico da Rússia é, no melhor cenário, um argumento frágil e, no pior cenário, um desconhecimento dos dados existentes e dos fatores que dinamizam a economia russa e diferenciam a realidade dos dois países. Passemos, pois, aos argumentos políticos que parecem ser mais consistentes. Um dos argumentos utilizados pela Rússia para justificar a invasão foi a necessidade de “desnazificar e desmilitarizar”a Ucrânia. A Rússia alegou que os ucranianos de origem russa estavam sendo perseguidos pelo novo governo ucraniano ao se recusarem a aprender

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ucraniano, a língua oficial do país, em particular nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk. Dessa forma, a Rússia argumenta que a invasão teria como finalidade “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia. Sabe-se hoje que esse argumento é falacioso e foi utilizado pela Rússia para legitimar sua invasão ao apoiar os movimentos pró-autonomia em território ucraniano. Qual o argumento mais consistente então? Que a Rússia se sentiu ameaçada pela adesão em massa dos países do ex-Bloco soviético à OTAN, como mostra a Figura a seguir:

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Com efeito, 14 países do antigo Leste Europeu se filiaram à OTAN. Assim, a Organização mais que dobrou o seu número de membros, em relação aos 12 membros originais, chegando a 30 membros, com o agravante que agora a OTAN passou a chegar às fronteiras da Rússia graças à filiação à OTAN da Estônia, Letônia e Lituânia.

Assim, a mera possibilidade de a Ucrânia vir a aderir à OTAN fez com que lembranças da guerra fria ressurgissem, quando os então 16 membros da OTAN mantinham à disposição da organização um contingente efetivo estimado em cerca de 5.252.800 militares ativos, dos quais cerca de 435 mil dos EUA. Essa lembrança da capacidade ofensiva da OTAN alterou o humor do governo russo e os preparativos para uma invasão se iniciaram já em 2021 depois do fracasso das negociações entre EUA e Rússia.

Estima-se que o efetivo russo seja de 1,0 milhão de militares, dos quais 150.000 (15% do total) estão envolvidos na invasão da Ucrânia. Já a Ucrânia contaria com cerca de 245.000 militares. É certo que ao invadir a Ucrânia Putin alcançou dois objetivos simultaneamente: projeta-se como um líder mundial e, ao mesmo tempo, restabelece, ainda que parcialmente, a zona de influência da ex-União Soviética. Com efeito, ao impedir a Ucrânia de aderir à OTAN, a Rússia previne um cenário que ela considera catastrófico, qual seja, a chegada à sua fronteira da OTAN, caso a Ucrânia viesse a aderir à OTAN, que já conta com mais de 30 países, dos quais 14 países do ex-bloco comunista.

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Dessa maneira, pode-se concluir que a invasão da Ucrânia pela Rússia foi claramente motivada por razões de geopolítica, segurança nacional e defesa de sua área de influência e não por uma motivação meramente econômica.

Ricardo Caldas, economista e cientista político com PhD em Relações Internacionais, especialista da Fundação da Liberdade Econômica.


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