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A economia da Argentina registrou uma queda inesperada de 0,3% em setembro, comparado ao mês anterior, após o governo de Javier Milei adotar uma série de medidas de austeridade. Em comparação com o mesmo período de 2023, o desempenho foi ainda pior, com uma contração de 3,3%, conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) nesta sexta-feira (22).
Esse desempenho surpreendeu negativamente o mercado, que, conforme especialistas consultados pela Bloomberg, esperava um crescimento de 0,9% para o período. A desaceleração econômica é vista como uma consequência direta das reformas fiscais e monetárias implementadas pelo presidente Milei, que visam estabilizar a economia argentina, mas geram um impacto imediato no consumo e na produção.
De acordo com economistas, as medidas de austeridade, incluindo cortes de gastos públicos e ajustes na política monetária, têm gerado uma desaceleração do ritmo de atividade econômica. A pressão sobre o poder de compra da população e a queda no consumo são fatores cruciais para o desempenho negativo de setembro.
No entanto, apesar do resultado ruim, há sinais de recuperação econômica nos últimos meses. O crescimento salarial, por exemplo, superou a inflação pelo sexto mês consecutivo em setembro, o que tem ajudado a aliviar a pressão sobre as famílias de classe média e baixa.
Além disso, o consumo das famílias e a produção manufatureira mostram sinais de recuperação. A produção de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e veículos, tem registrado incrementos, embora de forma modesta. O mercado de trabalho também tem apresentado melhorias, com a taxa de desemprego caindo para 8,1% no terceiro trimestre de 2024, em comparação aos 9,4% no mesmo período de 2023.
A inflação, embora ainda alta, está apresentando uma desaceleração significativa. O índice de preços ao consumidor (IPC) de outubro registrou uma alta de 5,6%, um número bem abaixo dos 8,3% registrados em julho deste ano. Esse é um sinal de que as políticas de austeridade estão começando a surtir efeito, embora a recuperação seja gradual.
Projeções de PIB e pobreza
Economistas consultados pelo Banco Central da Argentina projetam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá sofrer uma contração de 3,6% em 2024, o que seria o terceiro ano consecutivo de recessão. No entanto, as previsões para 2025 são mais otimistas, com um crescimento esperado de 3,6%, o que representaria uma reversão parcial da situação atual.
Os dados também indicam que a pobreza no país, que havia atingido níveis alarmantes durante a crise econômica de 2023, está em queda. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, a taxa de pobreza caiu para 36% da população em setembro, abaixo do pico de 40% observado no ano anterior. Isso se deve em parte ao aumento da distribuição de benefícios sociais e a recuperação gradual do mercado de trabalho.
Novo acordo com o FMI
A divulgação dos dados acontece um dia depois de o ministro da Economia, Luis Caputo, anunciar que o governo argentino iniciou conversas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um novo programa de empréstimos. A Argentina já possui um acordo com o FMI, mas o governo de Milei busca negociar melhores condições para enfrentar o cenário fiscal difícil.
Caputo declarou que a prioridade do governo é garantir a sustentabilidade das finanças públicas e criar um ambiente de estabilidade econômica. No entanto, muitos analistas acreditam que um novo empréstimo pode ser necessário para garantir a liquidez do país e evitar um possível colapso fiscal.
Em resumo, a economia da Argentina enfrenta um momento difícil, mas os sinais de recuperação e as políticas do governo de Milei podem gerar uma retomada no médio prazo. A adaptação às medidas de austeridade será crucial para a recuperação do país, que, apesar da crise, ainda apresenta oportunidades de crescimento no horizonte.
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