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Nesta semana, acontece a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que, de acordo com expectativas do mercado, deve subir a Selic em 0,5 p.p, de 13,25% para 13,75%. O Boletim Focus, divulgado nesta segunda (1) projeta que a Selic chegue no fim do ano em 13,75% ao ano. Para 2023, as projeções subiram de 10,75% para 11% ao ano.
No Brasil, o IPCA-15, prévia da inflação, veio em 0,13%, abaixo da taxa de 0,68% registrada em junho, segundo o IBGE. Os dados vieram abaixo do esperado, o que foi positivo, segundo Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital.
“Mas sabemos que se trata de um alívio temporário devido às decisões do governo em relação à diminuição do imposto de ICMS diminuindo preços de gasolina e energia, o que passa uma sensação de melhora. Porém, não temos o problema da inflação resolvido. Isso deve levar o Copom a subir juros novamente nesta semana como tentativa de controlar a inflação”, diz.
Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, acredita que a próxima alta a ser anunciada nesta semana ainda não será a última que encerrará o ciclo.
“Neste ano, não devemos ter uma inflação dentro da meta e não acho que o BC se arriscaria a interromper o ciclo agora. Acredito que o BC chegue a uma taxa de pelo menos 14% neste ano. O próprio relatório Focus divulgado nesta semana trabalha com a expectativa de que o juro básico suba de 13,75% para 14% para o fim do ano, o que é influenciado pelo cenário de deterioração da expectativa de inflação para o ano que vem“, explica.
Para Louzada, desde que o Copom começou a subir juros, começamos a ver sinais de que a inflação aos poucos está arrefecendo por mais que o cenário não esteja totalmente tranquilo. As medidas do governo de reduzir impostos como ICMS dos combustíveis e energia têm impactado nos números:
“O boletim Focus reduziu a estimativa do IPCA 2022 pela quinta semana seguida de 7,30% para 7,15%. Por outro lado, vemos as estimativas para 2023 avançando de 5,30% para 5,33%, aumento que pode ser influenciado pelos efeitos das medidas do governo que devem estimular o consumo nos próximos meses, como o Auxílio Brasil que aumentará de R$ 400 para R$ 600“.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, acredita que o momento pede muita prudência, paciência, diversificação e revisão das teses de forma constante para saber se as premissas que originaram o investimento inicial continuam, pois uma alocação que se mostrava muito acertada no começo de 2021 pode se mostrar defasada já no final do mesmo ano.
“O melhor caminho é diversificar e não ficar muito direcional, tentando acertar o time ou para onde vai o mercado. Essa é a chave para ter que fazer uma correção abrupta no portfólio, a fim de evitar perdas e prejuízos maiores e, claro, foco no longo prazo, pois os problemas que parecem intermináveis agora vão se mostrar apenas ruídos de mercado quando olharmos pelo retrovisor o histórico do mercado hoje”, afirma.
Para quem quer aproveitar as taxas altas para investir, Idean recomenda alguns cuidados. Um deles é com os ativos ligados ao IPCA:
“São ativos que estão com uma volatilidade implícita muito elevada e quanto mais a inflação reduzir, mais essa volatilidade vai aumentar, o que pode assustar muito os investidores“.
Outro cuidado, segundo ele, deve ser com títulos pré e pós fixados muito longos, pois caso o investidor precise resgatar o dinheiro, só vai restar a opção de sair com deságio com o resgate antecipado ao longo do caminho.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, o ciclo de alta está chegando perto do fim. E atingindo esse ponto de inflexão, ativos prefixados acabam ganhando valor por conta da valorização à medida que o afrouxamento monetário ocorra daqui um tempo.
“Difícil acertar o exato ponto em que a taxa Selic vai parar de subir. Vamos supor que o BC suba 50 p.p agora e afirme que ciclo terminou, o mercado vai reprecificar ativos de médio e longo prazo. É importante o investidor fazer a composição aos poucos antes de ter certeza do ponto de inflexão porque, se isso acontece, vamos deixar a taxa de rentabilidade na mesa“, recomenda.
Para montar a carteira, Ricardo Jorge sugere 60% dos investimentos em pós-fixados, 20% em prefixados e 20% em ativos atrelados ao IPCA. E por prazo máximo, indica no máximo 5 a 6 anos:
“Se o investidor tem um ótimo planejamento financeiro, pode aplicar até 2029, por exemplo. Como temos uma taxa alta, se tiver bom planejamento, pode aproveitar essa taxa alta por mais tempo“.
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