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Setor Pet cresce e atrai investidores

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

Com o segundo maior mercado mundial especializado em animais de estimação, País se torna um mar de oportunidades para quem busca oportunidades de ganhos fora do setor de tecnologia

Nos últimos anos houve uma explosão de investimentos em startups da área de tecnologia. O surgimento de fintechs, legaltechs, prevtechs, entre outras com soluções inovadoras, realmente atraiu o interesse de muitos e tem movimentado o mercado. Mas a tecnologia da informação não é a única a proporcionar boas oportunidades. Segundo Igor Romeiro, cofundador da Efund, plataforma especializada em unir startups a investidores, o setor de pets (animais de estimação) tem crescido exponencialmente nos últimos anos e se mostrado uma boa alternativa àqueles que buscam rentabilidade.

Um bom exemplo é a Petz, empresa do setor de varejo especializada em produtos para animais de estimação. Ela cresceu tanto que em 2020 fez seu IPO na B3, com a ação precificada em R$ 13,75 na abertura de capital, no início de setembro daquele ano. O valor de suas ações teve rápido crescimento chegando a valer R$ 28,29 em agosto de 2021. Na última quarta-feira (9/11), o papel fechou em R$ 8,10, abaixo do preço de abertura há dois anos. Porém, os analistas de mercado afirmam que essa desvalorização se deu mais por conta dos problemas macroeconômicos do que pela performance da Petz.

Uma prova de que os analistas estão certos é o balanço do terceiro trimestre da Petz, divulgado agora em novembro. No acumulado de 2022, considerando os nove meses reportados, a companhia teve lucro líquido de R$ 84,5 milhões, representando crescimento de 19,2% no comparativo com igual período do ano anterior. A receita bruta foi de R$ 885 milhões, aumentando em 38% o mesmo indicador do ano anterior.

“A Petz conta com um modelo de negócios interessante, no qual quanto maior a presença física, maior é o fluxo de clientes no e-commerce, com os dois ambientes atuando de maneira complementar, de modo que quanto maior o número de lojas abertas, maior é a receita e a rentabilidade pelo ganho de escala na operação, de forma que a estratégia de crescimento via aquisições, ampliando seu portfólio de produtos, é positivo para a companhia”, informa relatório feito pela casa de análise Levante Ideias de Investimento.

Mercado pujante

A Petz não está sozinha nesse setor. Concorrem com ela gigantes como Cobasi e Petlove, entre outras empresas de porte nacional e algumas de atuação regional. E o que sustenta essas companhias é o grande mercado consumidor existente no Brasil.

Romeiro, da Efund, usa como base dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) para mostrar o quanto o segmento é promissor. Segundo a entidade, o Brasil tem a segunda maior população de cães, gatos e aves canoras e ornamentais em todo o mundo, além de ser o terceiro maior país em população total de animais de estimação. São 58,1 milhões de cães, 27,1 milhões de gatos, 20,8 milhões de peixes, 41 milhões de aves e mais 2,53 milhões de outros animais. O total é de 149,6 milhões de pets.

Com todo esse tamanho, no ano passado o mercado pet faturou R$ 35,8 bilhões, crescimento de 5,4% em relação a 2020. Vale lembrar que, por causa da pandemia, a economia recuou no Brasil e no mundo, mas o ramo de animais de estimação se manteve forte. A indústria nacional também tem se mostrado competitiva mundialmente com a exportação de US$ 412,5 milhões em 2021, aumento de 33% sobre o ano anterior.

Essa pujança também é explicada pelo fator cultural. Na realidade, uma mudança de perfil das famílias brasileiras. Houve aumento de casais que optam por não ter filhos, ou somente um filho, e buscam a companhia de pets que, ao contrário de antigamente, passaram a viver dentro de casa. Sendo assim, começaram a ser tratados como membros da família, com direito a alimentação adequada, tratamento veterinário constante, vestimentas, roupas de cama, brinquedos, entre outros.

“Os donos de pets chegam a programar suas rotinas diárias com base nas necessidades dos bichinhos de estimação. Essa mudança de perfil das famílias e a própria grandeza do mercado fazem do segmento um dos mais promissores e seguros para quem deseja investir em novas empresas que surgem para atender a esse público”, afirma Romeiro.

Para o sócio da Efund, a “humanização” dos animais de estimação torna o segmento pet tão promissor e resiliente quanto o agronegócio. Se o agro é um ramo essencial por produzir alimentos, o de pet se torna semelhante à medida que é o responsável pela manutenção da saúde e bem-estar dos animais.

“Hoje, cães e gatos são tratados como membros da família e são reconhecidos como verdadeiros companheiros das pessoas. Além do que, especialistas afirmam que a convivência com animais ajuda na saúde mental das pessoas, principalmente aquelas que vivem sozinhas em apartamentos. É difícil um negócio desse setor não dar certo. O investidor precisa apenas ficar atento aos fundamentos da empresa porque no que diz respeito ao mercado as notícias são promissoras”, conclui.