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Especialista aponta desafios da economia brasileira em 2023

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Segundo o professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Ahmed El Khatib, em 2023, a economia será instável e com uma conjuntura de farra fiscal sem precedentes em curso, que estão fazendo o dólar subir, devido às desconfianças dos investidores, e, consequentemente, pressionar a inflação.

Ainda segundo o especialista, haverá desaceleração e, na melhor das hipóteses, o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer muito pouco, perto de zero. Essa conjugação de baixo crescimento do PIB, taxas de juros elevadas e inflação fará com as empresas cresçam menos, contratem menos e invistam menos.

DESAFIOS

Ahmed lembra que o Brasil está com a inflação muito elevada, altas taxas de desemprego e uma delicada situação fiscal. Apesar da melhora no resultado primário em 2021, pela primeira vez, desde 2013, e da relação dívida/PIB ter baixado significativamente em relação aos níveis de 2020, a tendência é de uma situação muito mais complicada em 2022.

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“Se observamos os últimos dois anos, percebemos que conseguiremos recuperar o que perdemos em 2023, mas isso não é o bastante, pois não estamos crescendo. Ainda que a economia se recupere em 2022, o aumento dos gastos públicos, principalmente pela alteração no teto de gastos, fará com que só tenhamos algum fôlego a partir de 2028. Esse nível de endividamento limita qualquer chance de crescimento real”.

No contexto internacional, as principais economias começaram a mexer na taxa de juros, a exemplo dos Estados Unidos, e isso também contribui diariamente para a desvalorização do real.

POSSIBILIDADES DE CRESCIMENTO

Para 2023, o cenário é de crescimento de pouco mais de 1,0% no ano (o que pela margem de erro pode chegar a zero) baseado em duas hipóteses principais: com o fim da guerra na Ucrânia, a atenuação dos problemas pelo lado da oferta reduzirá grande parte da pressão inflacionária no exterior, possibilitando que a política monetária possa cumprir seu papel de reduzir gradualmente a inflação sem a necessidade de uma queda mais profunda dos níveis de atividade; e ao iniciar-se 2023, parcela importante do impacto adverso do aperto monetário doméstico sobre a atividade econômica já terá ocorrido.

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No que se refere à inflação, apesar da atual taxa ainda elevada e da perspectiva de que pontos de pressão inflacionária, como petróleo, bens industriais e serviços, ainda se mostrem resilientes à queda, o cenário inflacionário projetado para os próximos meses vem se tornando mais favorável.

Além da expectativa de uma acomodação no preço das commodities agrícolas e da estimativa de melhora na projeção da safra brasileira em 2022, a implementação da Lei Complementar no 194/2022 deve contribuir para uma alta menos acentuada dos preços administrados este ano.

Neste contexto, que combina uma alta maior para os preços livres e uma significativa desaceleração dos preços administrados, a estimativa da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022 foi levemente revista para cima, passando de 6,5% para 6,6%. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a previsão foi mantida em 6,3%. Para 2023, a alta de ambos os índices é projetada em 4,7%.

“Logo de cara, o presidente eleito precisa restabelecer um quadro macroeconômico estável. A estabilidade é o principal pilar do crescimento e condição essencial para o avanço de outros temas estruturais, pois a fragilidade econômica reduz o espaço para a negociação política. Como fazer isso de forma conjunta e permanente é a pergunta do milhão que deverá ser respondida pelo atual e próximo governos”, finaliza.

O especialista: Ahmed Sameer El Khatib é professor de Graduação em Ciências Contábeis, Administração e do Programa de Mestrado da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), e coordenador do Instituto de Finanças da FECAP.

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