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Nota do Brasil nas agências de classificação de risco devem continuar subindo, segundo especialista

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As agências de classificação de risco são instituições especializadas em análise de crédito que classificam o risco que o investidor corre ao emprestar dinheiro para um país ou para uma empresa. Algumas delas, recentemente, aumentaram as notas de classificação do Brasil. Mas, por que isso aconteceu?

Segundo o coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Ahmed El Khatib, cada nota dada pelas agências de risco indica qual é a condição do país em relação à sua capacidade de saldar dívidas, o que é definido pela análise de diversos fatores, como a estabilidade política, a situação econômica, a inflação, a taxa de juros, a dívida pública, entre outro.

“O objetivo da classificação de risco é fornecer informações aos investidores sobre o risco de crédito de um país ou empresa, permitindo que eles tomem decisões informadas sobre onde investir seu dinheiro. A classificação de risco de países está sempre levando em consideração o investidor internacional, pois os países não podem arrecadar impostos ou imprimir dinheiro em moeda internacional para pagar suas dívidas em moeda estrangeira. As agências de classificação de risco usualmente atribuem notas para as dívidas de curto e longo prazo, em moeda local e estrangeira”, explica o docente.

O QUE SÃO AS AGÊNCIAS

As agências de classificação de risco são empresas especializadas em avaliar a capacidade de empresas, governos e outras entidades em honrar suas dívidas. Elas atribuem notas de crédito, que indicam o risco de inadimplência, para os emissores de títulos de dívida, como ações e títulos de renda fixa. As agências de classificação de risco são importantes para o mercado financeiro, pois ajudam a reduzir a assimetria de informação entre emissores e investidores, permitindo que estes últimos tomem decisões mais informadas.

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As notas de crédito são importantes para os investidores, pois ajudam a avaliar o risco de investir em um determinado título. As notas de crédito podem variar de AAA (risco mínimo) a D (risco máximo), indicando a possibilidade de inadimplência.

As agências mais conhecidas são a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings. Essas agências utilizam metodologias próprias para avaliar o risco de crédito, levando em consideração fatores como a situação financeira da empresa, a qualidade da gestão, o ambiente econômico e político, entre outros.

O Brasil possui contrato para classificação de seu risco de crédito com as seguintes agências: Standard & Poor´s (S&P), Fitch Ratings (Fitch) e Moody´s Investor Service. Adicionalmente, outras agências internacionais monitoram regularmente o risco de crédito do país, como a canadense Dominion Bond Rating Service (DBRS), as japonesas Japan Credit Rating Agency (JCR) e Rating and Investment Information (R&I), a coreana NICE Investors Service e a chinesa Dagong Global Credit Rating.

O BRASIL NO CENÁRIO INTERNACIONAL
 

O Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s pela primeira vez em 2008. Em 2009, conseguiu a classificação pela Moody’s. A S&P foi primeira a tirar o selo de bom pagador do Brasil, em setembro de 2015, ação que foi seguida pelas outras duas grandes agências internacionais, Fitch e Moody’s. Historicamente, países costumam levar cerca de 5 a 10 anos para recuperar o selo de país bom pagador.

“As notas de classificação de risco do Brasil andavam baixas devido a diversos fatores, como a crise econômica, a instabilidade política e a pandemia de COVID-19. Em 2022, a Fitch manteve a nota BB- do Brasil, mas revisou a perspectiva para estável. Já em 2023, a Fitch elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. A Moody’s, por outro lado, rebaixou a perspectiva da nota da dívida do Brasil em 2023”, relembra El Khatib.

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Até agosto de 2023, várias agências de classificação de risco revisaram positivamente a perspectiva de crédito do Brasil. As razões para isso incluem sinais de maior certeza em relação a políticas fiscais e monetárias estáveis, crescimento contínuo do PIB e quadros fiscais propostos que poderiam resultar em um aumento menor da dívida governamental do que o inicialmente esperado.

A S&P Global Ratings elevou a perspectiva de crédito soberano do Brasil para \”positiva\” em 14 de junho de 2023, enquanto a Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil de BB- para BB em 26 de julho de 2023, com perspectiva estável. A Moody’s manteve a nota de crédito do Brasil em Ba2 com perspectiva estável. Essas revisões positivas sugerem que as perspectivas de crescimento econômico do Brasil estão melhorando, o que pode beneficiar seus custos de empréstimos e a estabilidade econômica geral.

Ainda segundo o professor universitário, as agências de classificação de risco estão otimistas, em função da redução ainda que gradual da inflação, o arcabouço fiscal aprovado no início do atual governo, a reforma tributária e o crescimento do PIB. Essas variáveis indicam que o país está esforçado em cuidar das reformas estruturantes e de longo prazo.

FUTURO DAS NOTAS DO BRASIL

O provável cenário para o futuro é que as notas de classificação de risco do Brasil continuem a subir, indicando uma melhora na capacidade do país de saldar suas dívidas. Isso é um sinal positivo para os investidores, pois demonstra maior confiança na economia brasileira e pode atrair mais investimentos estrangeiros.

A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. Essa melhora na nota é atribuída ao desempenho econômico do país, que tem se mostrado acima do esperado. Além disso, a agência destacou a estabilidade política como um fator positivo para a perspectiva estável.

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No entanto, o especialista ressalta que é importante ressaltar que o cenário futuro é incerto e depende de diversos fatores, como a continuidade das reformas estruturais, a estabilidade política e a recuperação econômica sustentável. O Brasil ainda enfrenta desafios, como a alta dívida pública, a desigualdade social e a necessidade de investimentos em infraestrutura.

“Embora as notas de classificação de risco do Brasil tenham apresentado uma melhora recente, o cenário futuro dependerá da capacidade do país de manter um ambiente favorável para os investimentos e de superar os desafios econômicos e políticos. Para que o Brasil alcance o grau de investimento, que é uma classificação de risco ainda mais elevada, é necessário continuar avançando em áreas como a redução do déficit fiscal, o aumento da produtividade, a melhoria do ambiente de negócios e a implementação de políticas econômicas consistentes e sustentáveis”, finaliza.

O especialista: Ahmed Sameer El Khatib é doutor em Administração de Empresas, Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC/SP e graduado em Ciências Contábeis pela USP. É pós-doutor em Contabilidade pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Administração pela UNICAMP. É professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e professor adjunto de finanças da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).


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