O economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie fez a seguinte análise da compra do Credit Suisse pelo UBS, traçando um paralelo com a crise de 2008.
Em março de 2008, meses antes da quebra do Lehman Brothers no evento que desencadeou a grande crise financeira internacional de 2008 e com o objetivo de se evitar a falência de um grande banco nos EUA, foi providenciada uma “solução de mercado” em que o Banco JP Morgan Chase “comprou” o Bear Stearns. A “solução de mercado” e a consequente “compra” foi, na verdade, organizada e coordenada pelo FED (Banco Central dos EUA) e pelo Tesouro dos EUA como uma forma de se evitar uma crise de confiança, o efeito contágio e o efeito dominó.
Política semelhante havia sido implementada com sucesso em 1998, no caso da LTCM (em que os bancos privados, coordenados pela Autoridade Monetária dos EUA, injetaram recursos em uma gestora falida para se evitar uma crise financeira de proporções globais). No caso da compra do Bear Stearns, entretanto, a solução durou apenas alguns meses. Em setembro do mesmo ano (sim, o mês de setembro costuma ser um período delicado), a quebra do Lehman Brothers trouxe o medo de uma possível repetição da crise de 1929. A grande depressão felizmente não se repetiu, mas os efeitos da crise de 2008 foram graves sobre a economia mundial.
A questão agora é identificar se a compra do Credit Suisse será uma repetição do caso LTCM ou do caso Bear Stearns. Os elementos atuais são muito semelhantes aos que precederam a crise de 2008, de modo que a operação de salvamento do Credit Suisse pode resultar apenas em uma solução temporária com novos problemas surgindo nos próximos meses.
Por Pedro Raffy Vartanian, Professor Doutor do Mestrado Profissional em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie