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A inflação acontece quando há aumento de preços em produtos e serviços de maneira persistente e é calculada, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pelos índices de preço. O instituto é o responsável por produzir o IPCA (Índice de preços ao consumidor ampliado), que é usado como referência para metas inflacionárias no Brasil, assim como, mudanças nas taxas de juros.
A última divulgação dada pelo IBGE, em maio de 2022, apontou o IPCA acumulado dos 12 meses em 11,73% de inflação, sendo que no último mês, o dado divulgado foi de 0,47%. Esta notícia, que predominou o noticiário nacional e econômico, trouxe novamente preocupação à população no que tange seu custo de vida, ou seja, os preços em que as famílias pagam por produtos e serviços relacionados ao consumo.
Em comparação a junho de 2021, o IPCA registrava 0,53% no mês, contra 0,47% agora em junho de 2022, queda de 0,06 pontos percentuais, de acordo com o IBGE. Entretanto, como se trata de um valor médio, apesar do resultado mais favorável entre 2021 e 2022, não significa que estamos com uma situação de preços melhor.
Isso porque o índice geral toma como base, grupos de bens e serviços como: Alimentação, habitação, artigos para residência, vestuário, transportes, educação e tantos outros, então, estamos falando de uma média, o que não significa dizer que em determinados segmentos da economia, em comparação a outros, a vida do brasileiro melhorou, olhando somente para a variação anual.
Especialistas em inflação indicam que a alta está espalhada por todos os grupos que compõem o cálculo do IPCA. Além disso, o cenário no Brasil é incerto. Existem pressões vindas de aumentos novamente dos combustíveis (óleo diesel e gasolina), causado principalmente pela continuidade da guerra entre Ucrânia e Rússia sobre os preços das commodities e de novas interrupções das cadeias produtivas.
Há ainda uma pressão inflacionária forte mundial, que se reflete na vida dos brasileiros. Alguns fatores, tanto de origem externa quanto interna, ajudam um pouco a explicar esse efeito inflacionário tais como recorrentes reajustes de preços atuais que contribuem para remarcação de preços futuros, conhecida como inflação interna.
Os novos surtos de covid-19, inclusive na cidade de Xangai, maior centro produtivo do China, levou a lockdown, reduzindo uma vez mais a produção de componentes eletrônicos produzidos e distribuídos mundialmente.
A continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia como fator de inflação externa está associada aos dois anos de pandemia que geram impacto no escoamento de produtos, especialmente agrícolas, como o trigo, que representa praticamente 30% do total produzido no mundo. Este aumento representou altas para o Brasil de aproximadamente 20% no óleo de soja, 15% da farinha de trigo, e novamente o petróleo, com média de aumento de 37% dos preços internacionais.
Um outro fator relevante de aumento de preços de origem interno brasileiro está relacionado à crise hídrica, com adoção de bandeiras tarifárias de energia elétrica mais caras, como efeito adverso do clima. Quando a energia elétrica se torna mais cara, toda cadeia produtiva e o setor de serviços sofre com esses aumentos e tendem a repassar o custo mais alto ao consumidor, levando os preços a patamares mais altos.
Ocorre o mesmo com os produtos hortifrutigranjeiros, que com a falta de chuva, também acabam tendo sua produção afetada e, diante de uma menor oferta de alimentos do gênero, os preços também sobem.
Diante de todo esse cenário, a desorganização das cadeias produtivas e seus novos arranjos ao redor do mundo, além dos custos de frete aéreo e marítimo, geram mais atrasos em reorganizar a produção mundial, face a falta de componentes, insumos e matérias primas, levando a alta demanda de consumo um consequente aumento nos preços dos bens produzidos no mundo.
A expectativa de normalização das cadeias produtivas ainda é incerta, mas estima-se que a partir de 2023 comecem a se normalizar, elevando os níveis de produção e consequentemente, uma leve queda nos preços com o ajuste entre oferta e demanda de consumo.
Por Julian Alexienco Portillo, pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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