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Na última quinta-feira (17), o Banco Central dos EUA (Fed) publicou um estudo de 40 páginas no qual classifica o Bitcoin como inútil, ao mesmo tempo em que reconhece o impacto da criptomoeda nas políticas monetárias do país. Embora o estudo sugira que o Bitcoin não tem valor intrínseco, ele também aponta que a criptomoeda representa um desafio à política fiscal americana e pode influenciar a inflação e a dívida pública.
A solução, segundo o estudo, seria taxar ou até mesmo banir o Bitcoin para proteger o modelo financeiro tradicional dos Estados Unidos. A palavra “Bitcoin” é citada 110 vezes ao longo do documento, o que reflete a atenção que o Fed está dedicando à criptomoeda.
Índice de conteúdo
Bitcoin: inútil, mas uma ameaça
O estudo começa com uma afirmação categórica de que o Bitcoin é inútil em uma economia com mercados incompletos e consumidores avessos ao risco. De acordo com o Fed, a existência de um ativo que não é controlado pelo governo, como o Bitcoin, pode desestabilizar o modelo econômico atual.
O documento sugere que, em um cenário onde o governo utiliza estratégias de dívida nominal para manter um déficit primário permanente, a presença de “pedaços de papel inúteis” — uma referência ao Bitcoin — pode causar distorções e inviabilizar a eficácia das políticas governamentais. O estudo explica que o Bitcoin pode criar expectativas inflacionárias e, ao ser negociado junto com títulos do governo, poderia reduzir a eficácia das ferramentas fiscais tradicionais.
“Se houver negociação de bitcoin, então não há uma estratégia de Markov contínua para o governo que leve a uma implementação única. Em vez disso, há um contínuo de equilíbrios com alocações reais distintas em que o preço do bitcoin converge para zero,” afirma o estudo.
Soluções extremas: taxação ou banimento
Embora o Bitcoin seja chamado de inútil, o Fed também reconhece que a criptomoeda é perigosa para o atual sistema econômico, especialmente porque compete diretamente com o dólar americano e pode influenciar decisões de investidores que buscam alternativas para proteger seus ativos contra a inflação. O documento sugere duas soluções principais para lidar com o problema: taxar o Bitcoin ou bani-lo.
Em relação à taxação, o estudo apresenta fórmulas matemáticas complexas que indicam como a tributação do Bitcoin poderia reduzir seu impacto no sistema financeiro. Segundo os autores, “lambda > 0” pode ser usado para alterar o equilíbrio das políticas fiscais e diminuir a influência da criptomoeda, por meio de uma estratégia que envolve aumentar os impostos sobre o Bitcoin.
Além disso, o estudo sugere que, se a taxação não for suficiente, o banimento da criptomoeda seria uma medida extrema, mas eficaz.
“Uma proibição legal do bitcoin ou um imposto sobre o bitcoin são formas de repressão financeira que podem ser úteis quando a capacidade do governo de usar impostos sobre o consumo é limitada,” diz o documento.
O banimento, portanto, é visto como uma maneira de proteger a política monetária americana e garantir que o governo mantenha o controle sobre os ativos financeiros que circulam na economia.
O impacto da criptomoeda na dívida pública
Outro ponto levantado pelo Fed é o impacto que o Bitcoin pode ter na criação de dívida pública. A pesquisa afirma que, à medida que consumidores avessos ao risco escolhem manter Bitcoin em seus portfólios, o governo pode encontrar dificuldades para gerar dívida de maneira eficiente. Essa situação pode criar um dilema para os formuladores de políticas, que precisam lidar com o aumento da popularidade das criptomoedas ao mesmo tempo que tentam equilibrar as contas públicas.
O documento também destaca que a volatilidade do Bitcoin apresenta riscos significativos para a estabilidade econômica. De acordo com o estudo, essa volatilidade pode gerar incertezas sobre o valor da criptomoeda, o que dificultaria ainda mais a implementação de políticas fiscais e monetárias eficazes por parte do governo.
Reação da comunidade cripto
A publicação do estudo pelo Fed gerou reações mistas na comunidade de criptomoedas. Enquanto alguns enxergam as sugestões de taxação ou banimento como um sinal de que o governo americano está preocupado com o crescimento da adoção do Bitcoin, outros criticam as conclusões do documento, argumentando que a criptomoeda oferece liberdade financeira e um sistema alternativo ao controle estatal.
Analistas também apontam que o crescimento do Bitcoin nos últimos anos torna o cenário de banimento improvável. A criptomoeda tem sido amplamente adotada em diversos setores da economia e está ganhando espaço entre grandes empresas e investidores institucionais. Além disso, regulamentar o Bitcoin com uma abordagem mais equilibrada pode ser uma alternativa mais viável do que simplesmente bani-lo.
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