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A indústria brasileira de carnes enfrenta um momento de tensão com a rede Carrefour (CRFB3). A Minerva Foods (BEEF3), uma das principais processadoras de carnes do país, anunciou a suspensão total do fornecimento à rede francesa, em um movimento que também conta com a adesão de outras gigantes do setor, como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Masterboi.
A decisão ocorre após declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que, segundo lideranças do setor, “prejudicam a imagem do Brasil” e demonstram hipocrisia nas relações comerciais internacionais. “Interrompemos completamente o fornecimento de carnes ao Carrefour. Se não mudar a postura, não haverá fornecimento. Essa é uma atitude de quem quer falar uma coisa e fazer outra”, afirmou João Sampaio, diretor institucional da Minerva Foods, ao Agro Estadão.
Retaliação brasileira conta com apoio governamental
A postura adotada pela Minerva e outras empresas do setor foi amplamente respaldada pelo governo brasileiro. Autoridades consideram as declarações de Bompard prejudiciais para a reputação da carne brasileira no mercado internacional. “A fala do Carrefour é hipócrita e gera prejuízos para a imagem do Brasil, especialmente entre os clientes das Américas e da Ásia”, reforçou Sampaio.
O setor de carnes é um dos pilares da economia brasileira. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil exportou cerca de 2,5 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, gerando US$ 14 bilhões em receitas. Para Sampaio, a qualidade da carne brasileira e o respeito às normas ambientais são superiores aos padrões europeus. “Não temos medo de nenhuma vistoria. Nossa produção segue os mais altos critérios de sanidade e responsabilidade ambiental”, disse ele.
Impacto no abastecimento
A suspensão do fornecimento afeta diretamente as operações do Carrefour no Brasil, onde a rede possui mais de 700 lojas e é responsável por atender milhões de consumidores. Em nota, o Carrefour lamentou o impasse e destacou seu compromisso com o setor de carnes no país:
“Há 50 anos temos construído e mantido uma excelente relação com nossos parceiros e fornecedores, pautada pela confiança mútua. Por isso, estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne em nossas lojas o mais rápido possível”.
destacou a empresa.
A rede ainda afirmou que o desabastecimento pode impactar a experiência de seus consumidores, mas que está empenhada em resolver o impasse de forma equilibrada: “Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.”
Reações no mercado
Analistas do setor observam que o boicote pode gerar impactos significativos nas operações do Carrefour e abrir oportunidades para redes concorrentes. Segundo dados da NielsenIQ, o segmento de carnes responde por cerca de 20% das vendas em supermercados no Brasil, com destaque para o consumo de cortes bovinos.
Já para as empresas brasileiras que aderiram ao boicote, o impacto comercial imediato parece ser limitado, uma vez que a maior parte de suas receitas provém de exportações. No entanto, especialistas alertam que uma crise prolongada pode afetar a cadeia produtiva local.
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