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IPOS 2023: Eles finalmente irão voltar?

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A pandemia do COVID-19 afetou negativamente muitos setores e a indústria de Initial Public Offerings (IPOs) não foi exceção. Em 2020, o número de IPOs caiu significativamente em comparação com 2019. Muitas empresas adiaram seus planos de IPOs e outras cancelaram completamente. No entanto, em 2022, a situação começou a melhorar. Com a disseminação das vacinas e a retomada da economia, as empresas começaram a considerar seriamente a possibilidade de abrir capital e ir a público novamente. Neste artigo, discutiremos se as IPOs finalmente irão voltar em 2023.

O que é um IPO?

Um IPO, ou oferta pública inicial de ações, é um processo pelo qual uma empresa emite ações no mercado aberto pela primeira vez. Isso significa que, ao realizar um IPO, a empresa passa a ser listada na bolsa de valores, possibilitando que qualquer pessoa possa comprar e vender suas ações.

O IPO é uma das formas mais comuns de captação de recursos para empresas. Ao vender suas ações, a empresa consegue levantar capital para financiar seu crescimento, realizar investimentos e pagar dívidas. Além disso, a entrada na bolsa de valores aumenta a visibilidade da empresa e pode ajudar a atrair novos investidores.

O processo de IPO envolve uma série de etapas, incluindo a contratação de bancos de investimento para coordenar a oferta, a elaboração de um prospecto com informações sobre a empresa e a realização de roadshows para apresentar a oferta aos investidores.

Uma vez que as ações são emitidas, o preço é determinado por meio de um processo de bookbuilding, em que os investidores fazem ofertas de compra pelas ações. O preço final é estabelecido com base na demanda dos investidores e na avaliação dos bancos coordenadores da oferta.

Após a realização do IPO, as ações da empresa passam a ser negociadas na bolsa de valores. Isso significa que os investidores podem comprar e vender as ações livremente, o que pode levar a variações no preço das ações de acordo com a demanda do mercado.

Embora o IPO seja uma oportunidade importante para as empresas levantarem capital e crescerem, o processo também envolve riscos. A entrada na bolsa de valores exige uma maior transparência por parte da empresa, que precisa prestar contas regularmente aos seus acionistas e ao mercado. Além disso, a volatilidade do mercado pode levar a variações significativas no preço das ações, o que pode afetar o valor da empresa e a confiança dos investidores.

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A situação atual das IPOs

Antes da pandemia, o mercado de IPOs estava em alta. Em 2019, o número de IPOs atingiu o maior nível em cinco anos, com 1.424 IPOs em todo o mundo, gerando mais de US $ 220 bilhões em receita. No entanto, em 2020, a pandemia afetou negativamente as IPOs, com um declínio de 28% em relação a 2019. Muitas empresas adiaram seus planos de IPOs devido à incerteza econômica e à volatilidade do mercado.

Após um período de queda nos IPOs durante a pandemia, o mercado financeiro aponta para um cenário mais favorável em 2023, com janelas de captação a partir do segundo trimestre. Banqueiros consultados pela Bloomberg Línea afirmam que ainda há demanda reprimida por parte de investidores estrangeiros e brasileiros, principalmente para boas histórias. Roderick Greenlees, Global Head de Investment Banking do Itaú BBA, cita como exemplo a recém-concluída oferta subsequente do Assaí, que captou R$ 2,7 bilhões e teve demanda de investidores locais e estrangeiros que superou a casa de R$ 12 bilhões.

Em 2022, foram realizados cerca de 20 follow-ons, sem nenhum IPO. No entanto, em 2023, empresas que já estavam com documentação preparada e processos internos avançados podem voltar a considerar a abertura de capital. O ambiente mais favorável para os IPOs dependerá da sinalização do Banco Central quanto ao corte de juros, que pode ser um gatilho adicional para a retomada do mercado. No entanto, ainda há incertezas em relação à política fiscal e à inflação, que podem afetar negativamente o mercado de IPOs. A expectativa é de um ticket médio mais alto e um número menor de ofertas, de 20 a 30, com a participação significativa de investidores estrangeiros.

Embora não tenha havido IPOs em 2022, houve cerca de 15 follow-ons com distribuição de fato para o mercado, que captaram cerca de R$ 50 bilhões, um terço do volume do ano anterior. O follow-on da Eletrobras, que captou dois terços desse valor, foi uma das operações mais expressivas do ano. A última vez que uma companhia estreou com ações negociadas na bolsa brasileira foi em agosto de 2021. Esse hiato raro no mercado de IPOs deve completar 18 meses no início de 2023.

Os desafios que as IPOs enfrentam em 2023

Embora a situação esteja melhorando, ainda existem muitos desafios para as IPOs em 2023. A pandemia em andamento ainda é um grande problema e pode afetar negativamente a economia e o mercado de IPOs. Além disso, a crescente inflação pode afetar negativamente a capacidade das empresas de arrecadar dinheiro no mercado de IPOs.

A taxa de juros é um fator importante para o mercado de IPOs, já que influencia diretamente a decisão das empresas em abrir capital e dos investidores em comprar suas ações. Com a taxa Selic elevada em 13,75% ao ano, muitas empresas podem optar por aguardar uma queda nos juros antes de lançar suas ofertas públicas iniciais de ações. Isso ocorre porque a taxa de juros alta pode tornar o custo de capital mais elevado, o que pode dificultar a captação de recursos e tornar as ações menos atrativas para os investidores.

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Por outro lado, se houver uma queda na taxa Selic, isso pode incentivar a retomada do mercado de IPOs, já que a captação de recursos se torna mais barata e as ações podem se tornar mais atrativas para os investidores. No entanto, as previsões do Banco Central indicam que a Selic deve se manter estável pelos próximos meses para conter o avanço da inflação, o que pode prejudicar a retomada dos IPOs em curto prazo.

Portanto, embora a taxa de juros seja um fator importante para o surgimento de novos IPOs, ela não é o único determinante. Outros fatores, como a estabilidade econômica, a confiança dos investidores e a qualidade das empresas candidatas também são essenciais para o sucesso das ofertas públicas iniciais de ações.

Outro desafio que as empresas podem enfrentar é a concorrência. Como muitas empresas adiaram seus planos de IPOs em 2020 e 2021, pode haver muitas empresas competindo pelo mesmo mercado em 2023. Isso pode afetar negativamente a capacidade das empresas de atrair investidores.

Oportunidades para as IPOs em 2023

Apesar dos desafios existentes, há oportunidades para as IPOs em 2023. Com a vacinação em andamento e a retomada da economia, o mercado pode se estabilizar, reduzindo a volatilidade e tornando o mercado de IPOs mais atraente para as empresas. Além disso, o crescente interesse dos investidores em empresas sustentáveis e tecnológicas pode ser uma oportunidade para as empresas que estão considerando um IPO.

De acordo com Miranda, do Santander, a retomada deverá começar pelos follow-ons, enquanto os IPOs deverão ser menos frequentes, mas com um volume financeiro maior em comparação a 2021, devido à necessidade de maior participação do investidor estrangeiro. “Os estrangeiros preferem investimentos mais líquidos e ofertas que possam ser precificadas rapidamente. Portanto, o pipeline de empresas grandes que devem abrir a janela de IPOs após os follow-ons é mais ativo”, disse.

O Santander estima que haverá entre 30 e 40 ofertas (dentre IPOs e follow-ons) em 2023. “Os clientes veem o Brasil como uma fonte de oportunidades. Embora o custo de capital tenha aumentado, as oportunidades ainda são muito interessantes”, afirmou Miranda.

Para o Itaú BBA, a previsão é de que sejam realizadas entre 25 e 35 ofertas, com volume financeiro na faixa entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões, representando um aumento de pelo menos 20% em relação ao ano anterior. Seriam de 10 a 15 IPOs em um cenário considerado mais otimista, a maioria a partir do segundo trimestre, se houver uma perspectiva fiscal considerada mais construtiva do novo governo.

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Segundo Greenlees, devem ser ofertas de empresas de setores tradicionais, como infraestrutura, energia, varejo e consumo, com transações maiores, da ordem de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. “É importante que a operação seja grande para que haja liquidez depois do IPO em si”, disse. Ele afirmou que o mercado atualmente privilegia empresas mais bem estabelecidas em seus respectivos mercados, gerando mais caixa, enquanto as empresas de tecnologia que dependem de injeções recorrentes de capital para crescer devem encontrar financiamento no mercado privado.

O diretor de IB do Santander destacou o grande interesse dos investidores institucionais por empresas de commodities, mas ressaltou que são empresas que geraram muito caixa neste ano e que, por essa razão, não precisariam captar recursos tão cedo. Empresas de saneamento e energia, em setores com alta previsibilidade dos negócios e crescimento, oferecem boas oportunidades, segundo ele. Greenlees apontou que são empresas cujos negócios demandam muitos investimentos, o que justificaria a ida ao mercado para captação em um momento que não é o mais favorável.

Os IPOs vão realmente voltar?

Portanto, a expectativa é positiva para a retomada das IPOs em 2023. Embora existam desafios, como as incertezas em relação à política fiscal e a necessidade de maior participação do investidor estrangeiro, há oportunidades para empresas que buscam captar recursos no mercado de capitais.

As janelas de captação devem se abrir a partir do segundo trimestre, com expectativa de realização de 30 a 40 ofertas (entre IPOs e follow-ons) ao longo do ano. Empresas de setores tradicionais, como infraestrutura, energia, varejo e consumo, devem ser as mais contempladas, com transações maiores na casa de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. A demanda reprimida dos investidores, estrangeiros e brasileiros, também deve contribuir para a retomada das IPOs. Sendo assim, é possível afirmar que as IPOs vão realmente voltar em 2023, com a perspectiva de um mercado mais atraente para as empresas e com oportunidades para os investidores que buscam investimentos mais líquidos.


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