Ibovespa cai 0,34% com preocupações fiscais e dólar em alta

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, iniciou o mês de dezembro com um dia de retração. O índice encerrou o pregão desta segunda-feira (2) com uma queda de 0,34%, fechando aos 125.235,54 pontos, o que representou uma perda de 432,29 pontos. Durante boa parte da sessão, as perdas foram mais intensas, mas o otimismo foi parcialmente recuperado após as declarações de Gabriel Galípolo, próximo presidente do Banco Central, que despertaram um leve ânimo nos investidores.

Declarações de Galípolo e impacto no mercado

Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central, afirmou em evento promovido pela XP Investimentos, em São Paulo, que uma política monetária mais rigorosa é uma “necessidade lógica” diante de um cenário econômico que tem mostrado resultados melhores do que o esperado, aliado a uma moeda mais desvalorizada. Para ele, o dinamismo da economia e a maior capacidade de consumo da população, alimentada pela progressividade da política fiscal, indicam que a taxa de juros precisa continuar elevada para controlar a inflação e o consumo.

O economista ainda destacou que o Banco Central deve agir no mercado cambial apenas em casos excepcionais de disfuncionalidade, como nos períodos de grande volatilidade, em que fatores sazonais, como os pagamentos de dividendos no fim do ano, podem gerar um impacto no câmbio.

Após a fala de Galípolo, o mercado de câmbio reagiu com a continuidade da alta do dólar. A moeda americana ultrapassou a marca de R$ 6,09 na máxima do dia, e fechou cotada a R$ 6,06, um aumento de 1,13% em relação ao dia anterior, renovando o recorde de fechamento. Apesar da ligeira recuperação dos juros futuros (DIs) após as declarações de Galípolo, a curva de juros continuou a mostrar tendência de alta, com alguns vértices ultrapassando os 14%.

Expectativa em torno do orçamento e cortes fiscais

Além dos fatores externos, o mercado também segue atento ao cenário fiscal doméstico. A discussão sobre o pacote de cortes de gastos, que enfrenta dificuldades para ser votado no Congresso em 2024, continua sendo um ponto de incerteza. O Supremo Tribunal Federal (STF) também esteve em foco, pois o ministro Flávio Dino liberou, com ressalvas, o pagamento de emendas parlamentares, uma decisão que, segundo o relator do Orçamento, tem o efeito de “acalmar o Parlamento”.