Ações em queda

Ação da Stellantis despenca após saída inesperada do CEO

A fabricante dos carros Jeep e Peugeot enfrenta desafios críticos com a saída do CEO, enquanto a empresa lida com quedas de vendas.

Carlos Tavares - Reprodução: Redes sociais
Carlos Tavares - Reprodução: Redes sociais
  • As ações da Stellantis caem até 8,9% após a saída inesperada do CEO Carlos Tavares, acumulando uma queda de 46% no ano
  • A Stellantis enfrenta dificuldades como queda de vendas nos EUA, excesso de capacidade na Europa e crescente concorrência chinesa no mercado de veículos elétricos
  • John Elkann, presidente do conselho, lidera um comitê interino até a nomeação de um novo CEO, prevista para o primeiro semestre de 2025
  • A troca repentina de executivos gera incerteza no mercado, e investidores permanecem cautelosos até que a nova gestão se estabilize

A saída inesperada de Carlos Tavares, CEO da Stellantis NV, gerou um impacto imediato nas ações da companhia, dona de marcas como Jeep e Peugeot, que caíram até 8,9% em Milão nesta segunda-feira (2). Este movimento gerou uma grande incerteza no mercado e deixou a empresa sem uma liderança clara em um momento crucial, em meio a desafios significativos para a indústria automobilística.

As ações da Stellantis já acumulam uma queda de 46% no ano, refletindo as dificuldades que a gigante automotiva tem enfrentado tanto no mercado europeu quanto no norte-americano.

O momento não oportuno

A saída de Tavares ocorre em um momento delicado, quando a empresa está passando por uma transformação no setor automobilístico e enfrenta dificuldades operacionais em várias regiões. A fabricante anunciou que o presidente do conselho, John Elkann, liderará um comitê interino até que um novo CEO seja nomeado, o que pode levar até o primeiro semestre de 2025.

A empresa anunciou a saída do CEO no domingo (1º), e Tavares decidiu deixar o cargo antes do esperado devido a divergências sobre o futuro da companhia com o conselho e alguns acionistas.

Tavares, que esteve à frente da Stellantis desde sua criação em 2021, após a fusão do grupo PSA (Peugeot e Citroën) com a Fiat Chrysler, tem sido um líder polêmico. Sua estratégia de corte de custos, que visava aumentar a eficiência da empresa, gerou tensões com sindicatos, concessionárias e até com alguns executivos.

Questões sobre a direção

A saída abrupta de Tavares levanta questões sobre a direção da empresa nos próximos meses, já que a empresa precisa tomar decisões críticas, como a adaptação às novas demandas do mercado e os desafios econômicos globais, com urgência.

A Stellantis está enfrentando uma série de dificuldades no mercado. A queda nas vendas nos Estados Unidos e o excesso de capacidade na Europa são apenas alguns dos obstáculos que a empresa enfrenta. No velho continente, a demanda por veículos elétricos começou a diminuir, enquanto os fabricantes chineses, como a BYD e a Geely, ganham cada vez mais espaço na região.

A perspectiva de tarifas mais altas, com a possível volta de Donald Trump à presidência dos EUA, também pesa sobre o setor automobilístico.

Redução da previsão de lucro

O anúncio da saída de Tavares ocorre logo após a redução das previsões de lucro e fluxo de caixa da Stellantis em setembro. Mesmo com a substituição de executivos chave, como o diretor financeiro, e outras medidas tomadas para recuperar o controle da empresa, a participação de mercado da Stellantis continua a cair em mercados-chave como a França, gerando preocupação entre os investidores.

As dificuldades em recuperar a confiança do mercado são evidentes, e os analistas têm se mostrado céticos quanto ao futuro da companhia.

“Trocar o CEO e o CFO em tão pouco tempo cria um desafio para os investidores”, comentou o analista da JPMorgan, Jose Asumendi.

Ele explicou que os investidores provavelmente manterão uma postura cautelosa até que a nova equipe de gestão se estabilize e defina um rumo claro para a empresa. Enquanto isso, a Stellantis tenta seguir com sua agenda de metas, reafirmando seus compromissos de longo prazo, mas o cenário de incertezas certamente afetará o desempenho das ações da companhia nos próximos meses.

Setor automobilístico

A pressão sobre a Stellantis é um reflexo das dificuldades que muitos CEOs do setor automobilístico enfrentam diante da desaceleração econômica global, a crescente concorrência de empresas chinesas e os desafios de adaptação à revolução da mobilidade elétrica.

Com a falta de um líder definitivo, a empresa terá que agir rapidamente para manter a confiança de investidores e consumidores enquanto se prepara para um futuro incerto no mercado automotivo.

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