
- O secretário do Tesouro dos EUA chamou de “infeliz” a retaliação da China e indicou que Washington manterá sua política tarifária.
- O governo dos EUA avalia excluir empresas chinesas das bolsas americanas, medida que afetaria diretamente gigantes como Alibaba e Baidu.
- O mercado reagiu com fortes quedas nos ADRs chineses e aumento da volatilidade em bolsas globais.
Em meio à escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o secretário do Tesouro norte-americano, Tom Bessent, classificou como “infeliz” a retaliação tarifária imposta por Pequim.
Paralelamente, o governo dos EUA avalia medidas drásticas contra empresas chinesas listadas em suas bolsas. A exclusão de ações asiáticas da NYSE e da Nasdaq entrou na pauta, intensificando a instabilidade nos mercados globais.
Declarações acentuam fricções entre as potências
O secretário do Tesouro dos EUA afirmou nesta quarta-feira (9) que a reação da China à tarifa de 104% imposta por Washington foi “esperada, mas infeliz”.
Nesse sentido, ao comentar as medidas tomadas por Pequim — que elevaram tarifas sobre produtos americanos e ameaçam restringir exportações estratégicas — Bessent minimizou o impacto político e disse que “eles podem retaliar, mas e daí?”.
A fala ocorreu durante uma coletiva em Washington e foi interpretada como sinal de que o governo norte-americano continuará endurecendo sua postura comercial.
Assim, segundo Bessent, o objetivo é “corrigir distorções históricas no comércio internacional” e garantir proteção à indústria e à segurança nacional dos EUA.
Possível exclusão de ações chinesas gera alarde no mercado
Além do embate tarifário, autoridades americanas discutem internamente a possibilidade de excluir empresas chinesas das bolsas de valores dos Estados Unidos. A medida atingiria gigantes como Alibaba, Baidu e JD.com, que possuem ADRs (American Depositary Receipts) listados na NYSE e na Nasdaq.
Segundo fontes próximas ao Departamento do Tesouro, “tudo está em discussão”. Essa frase foi confirmada por Bessent, que afirmou que o governo estuda “múltiplas frentes” para responder a práticas comerciais consideradas desleais por parte da China.
Desse modo, a medida representaria um duro golpe para empresas asiáticas com presença internacional e aprofundaria a separação econômica entre as duas maiores economias do mundo.
Mercados reagem com forte volatilidade
A simples menção à retirada de empresas chinesas das bolsas americanas já foi suficiente para provocar uma onda de aversão ao risco.
Nesse sentido, os ADRs da Alibaba recuaram 5,8%, enquanto Baidu caiu 4,2%. A Nasdaq fechou em baixa de 2,1%, pressionada por perdas no setor de tecnologia e comércio internacional.
Além disso, o yuan se desvalorizou frente ao dólar, enquanto bolsas asiáticas também fecharam no vermelho.
Investidores temem que as ameaças recíprocas resultem em perdas irreversíveis para multinacionais que dependem do fluxo livre de capital entre os dois países.
Empresas e analistas expressam preocupação
Empresas americanas com forte exposição à China, como Apple, Tesla e Qualcomm, demonstraram preocupação com a deterioração das relações bilaterais.
Em nota, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos alertou para o “efeito dominó” que medidas unilaterais podem gerar, afetando cadeias produtivas e empregos em ambos os lados.
Também nessa linha, economistas alertam que a eventual exclusão de ações chinesas das bolsas pode gerar instabilidade no sistema financeiro internacional. Além disso, a iniciativa pode provocar represálias severas de Pequim, como a expulsão de empresas americanas de setores estratégicos da economia chinesa.
Portanto, os riscos de fragmentação nos mercados aumentam, em um contexto já marcado por desconfiança mútua e políticas nacionalistas.
Contexto geopolítico amplia instabilidade
A escalada atual ocorre num momento de redefinição da política externa dos EUA. A gestão Trump tem buscado reverter acordos multilaterais e reposicionar a economia americana com base no protecionismo e na segurança nacional.
A China, por sua vez, responde com medidas proporcionais e discursos nacionalistas.
Ademais, esse ambiente de tensão constante impacta decisões de investimento, projeções de crescimento e relações diplomáticas.
Assim, sem sinais de recuo, o cenário aponta para mais um ciclo de instabilidade global nos mercados financeiros.