Short squeeze

Ações das Casas Bahia (BHIA3) disparam 77% e superam expectativas

A forte alta das ações BHIA3, impulsionada por um possível "short squeeze", gerou especulação sobre os resultados e os próximos passos.

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  • As ações BHIA3 dispararam 77% em março, impulsionadas pelo fenômeno “short squeeze”, com 25% das ações alugadas no mercado
  • A XP Investimentos espera resultados mistos, com crescimento no marketplace e lojas físicas, mas um prejuízo líquido projetado de R$ 305 milhões
  • Embora a empresa tenha potencial de recuperação, a recomendação dos analistas é de cautela, dada a volatilidade do mercado e os riscos associados ao fenômeno dos “short sellers”

As ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3) registraram uma impressionante valorização em março, com um aumento de 77% no mês, sendo 29,91% dessa alta concentrada na última segunda-feira (10), véspera da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). A movimentação atípica nas ações da varejista chamou a atenção do mercado, especialmente pela grande disparada em um curto período.

O que está por trás dessa alta?

A aceleração nas ações de BHIA3 veio após uma série de especulações sobre o motivo desse movimento. Em comunicado divulgado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que não tem conhecimento de qualquer fato relevante não divulgado que justifique a grande movimentação no mercado de ações.

A companhia reafirmou seu compromisso de manter os acionistas informados sobre qualquer evento relevante. Assim, garantindo a transparência com o mercado.

O volume de negociações das ações também foi atípico. Segundo a Nord Research, por volta das 15h30 de segunda-feira, o volume de negociações atingiu 21,8 milhões de ações. Contudo, muito acima da média diária dos últimos 12 meses, que era de 5 milhões de papéis.

O analista Rafael Ragazi, da Nord, aponta que a alta pode estar sendo impulsionada por um fenômeno conhecido como “short squeeze”. Esse fenômeno ocorre quando a cotação das ações sobe rapidamente, forçando os investidores que apostaram na queda (os “short sellers”) a cobrir suas posições. Dessa forma, o que gera ainda mais pressão de compra.

Além disso, a empresa tem cerca de 25% de suas ações em circulação alugadas, o que eleva a possibilidade desse “short squeeze” ocorrer. Mesmo com a valorização, o valor de mercado da empresa ainda está em R$ 470 milhões, uma queda significativa em relação ao pico histórico, após a companhia ter perdido mais de 99% de seu valor desde julho de 2022.

Expectativas para os resultados do 4T24

Com a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 marcada para esta quarta-feira (12), as expectativas para as finanças da varejista estão divididas.

A XP Investimentos prevê um desempenho misto, com a continuidade da pressão sobre o estoque próprio da empresa, devido à otimização do portfólio. No entanto, a varejista deve registrar um crescimento acelerado nas lojas físicas e no marketplace, que terão desempenho melhor do que no terceiro trimestre de 2024.

A XP estima que o volume bruto de mercadorias (GMV) totalize um aumento de 7% na comparação anual, com um crescimento destacado de 9% nas lojas físicas e de 9,5% no 3P (marketplace). Esses segmentos devem compensar a fraqueza observada no primeiro ponto de vendas (1P), que deve registrar uma queda de 5%.

Em termos de lucratividade, a XP projeta uma melhora de 310 pontos-base na margem bruta e uma expansão de 540 pontos-base no EBITDA ajustado, impulsionada pela redução de despesas operacionais.

Entretanto, o prejuízo líquido da companhia deve atingir R$ 305 milhões, pressionado por uma maior carga de despesas financeiras. No terceiro trimestre de 2024, a empresa já havia registrado um prejuízo líquido de R$ 369 milhões, uma melhoria em relação ao mesmo período de 2023.

O que esperar de BHIA3 nos próximos trimestres?

Os analistas têm se mostrado cautelosos sobre as perspectivas do Grupo Casas Bahia, apesar do impulso nos preços das ações. A Nord Research destaca que, embora o cenário macroeconômico continue desafiador, as iniciativas da empresa no Plano de Transformação, com foco no aumento de serviços financeiros e no crescimento do marketplace, podem contribuir para uma recuperação no fluxo de caixa e na rentabilidade nos próximos anos.

Contudo, o analista adverte para os riscos de operar no mercado das ações BHIA3, especialmente devido ao fenômeno dos “short sellers”. O movimento de alta pode ser volátil e gerar prejuízos para investidores não preparados para esse tipo de flutuação extrema.

O recomendado é manter uma abordagem cautelosa e observar os resultados dos próximos trimestres para avaliar a evolução real da companhia.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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