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Axia (AXIA3) surpreende o mercado: quase R$ 40 bi podem virar dividendos? Nova estrutura mexe com expectativas

Distribuição via ação PNC cria “opção gratuita” para acionistas e reacende debate sobre governança e tributação.

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Crédito: Divulgação AXIA Energia
Crédito: Divulgação AXIA Energia
  • Axia cria ação PNC para destravar distribuição de quase R$ 40 bi sem risco tributário.
  • Estrutura dá flexibilidade para pagar dividendos, recomprar ações ou converter em ON até 2031.
  • Migração ao Novo Mercado volta à mesa e pode destravar valor adicional para AXIA3 e AXIA6.

A Axia Energia (AXIA3; AXIA6) movimentou o mercado ao anunciar uma estrutura inédita para distribuir quase R$ 40 bilhões em lucros acumulados. O valor ainda não está fechado, mas a companhia confirmou que os proventos serão pagos por meio de uma nova classe de ações preferenciais (PNC), criada para lidar com a mudança na tributação de dividendos.

A estratégia responde ao impasse legal que exige declarar dividendos ainda em 2025 para preservar isenção tributária, mas impede o pagamento em anos distintos. A PNC, com direito a voto e validade até 2031, cria o caminho para cumprir as novas regras e, ao mesmo tempo, manter flexibilidade financeira.

Nova estrutura de dividendos protege empresa e dá poder ao acionista

Segundo a Genial Investimentos, a PNC resolve a ambiguidade criada pela nova lei de tributação de dividendos, que preserva isenção apenas para valores declarados este ano e pagos até 2028. Para evitar conflito com a Lei das S.A., a Axia criou um instrumento que permite declarar agora e distribuir depois.

O BTG Pactual classificou a solução como uma “jogada inteligente”, porque dá à empresa liberdade para decidir, ano a ano, entre pagar dividendos tradicionais ou recomprar PNC — modelo que oferece ao investidor a opção de converter o papel em ações ordinárias. A estrutura, portanto, entrega flexibilidade operacional sem comprometer o caixa imediato.

O anúncio também reforça a preparação para o novo ambiente tributário, oferecendo ao acionista uma espécie de “opcionalidade gratuita” que preserva valor no longo prazo. Para o mercado, o movimento indica planejamento e maturidade na alocação de capital.

Analistas divergem: dividendo garantido ou apenas promessa?

O JPMorgan estima que, em caso de conversão total das reservas, a PNC proporcionaria dividend yield de 2,5% e até 3% de poder de voto, além de direito de acompanhamento integral. Para o banco, o modelo traz benefícios fiscais e amplia a flexibilidade, mas não representa um compromisso firme com dividendos em dinheiro.

Já o Itaú BBA avalia a proposta como positiva porque protege o acionista de perdas associadas à nova tributação e mantém a disciplina de capital da companhia. Para o BBA, não se trata de aumento automático de dividendos, mas de uma solução que evita impacto no caixa e preserva retorno futuro.

O ponto comum entre os analistas é que a PNC melhora a previsibilidade da política de remuneração, reduz incertezas regulatórias e mantém abertas as portas para ajustes conforme o cenário fiscal evoluir.

Caminho para o Novo Mercado volta ao radar e pode destravar valor

A Axia confirmou que retomou os estudos para migrar ao Novo Mercado da B3, segmento de mais alto nível de governança corporativa. A estrutura das PNC, temporária, com direito a voto e conversão até 2031, dialoga diretamente com os requisitos do segmento.

Segundo a Genial, o movimento reforça compromisso com governança e transparência, fatores que tendem a melhorar percepção de risco e atrair capital institucional. No entanto, a transição é gradual e depende de aprovação dos acionistas e execução sem conflitos.

O Bradesco BBI e o JPMorgan mantêm recomendação de compra para as ações da empresa, destacando que a eventual migração pode destravar múltiplos e reduzir custo de capital. Já a Genial prefere manutenção, esperando maior clareza sobre o cronograma e os impactos societários.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.