
Após anunciar pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, a Azul (AZUL4) irá reduzir em 35% sua frota futura.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (28), junto com o comunicado sobre o Chapter 11.
A empresa encerrou março com 184 aeronaves de passageiros em operação. Ao diminuir sua frota nos próximos anos, a Azul busca enfrentar três dos maiores desafios que ameaçam sua sustentabilidade: o peso do leasing em dólar, a exposição cambial e a alavancagem financeira.
Redução de riscos, não apenas de aviões
A decisão de cortar a frota faz parte de um plano mais amplo de racionalização do modelo de negócios.
Segundo a Azul, o objetivo é “melhorar a resiliência e reduzir o risco geral”, em um cenário marcado pela alta dos juros, desaceleração da demanda e forte pressão nos custos operacionais — especialmente o combustível e o leasing, ambos dolarizados.
Companhias aéreas ao redor do mundo frequentemente recorrem ao Chapter 11 da lei americana (recuperação judicial) justamente por conta dos contratos de leasing. O dispositivo permite suspender imediatamente as obrigações com esses credores, abrindo espaço para renegociações mais favoráveis.
No caso da Azul, a companhia estima reduzir as obrigações com arrendamento de aeronaves em US$ 744 milhões entre 2025 e 2029, uma economia que poderá ser decisiva para manter as operações nos trilhos.
Menos crescimento, mais controle
Com a frota menor, a Azul também revisou para baixo suas projeções de receita para os próximos anos. Embora mantenha a expectativa de R$ 22 bilhões em faturamento em 2025, as estimativas para 2026 e 2027 foram reduzidas em cerca de R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões, respectivamente.
Mesmo com a desaceleração do crescimento, a empresa garantiu que não haverá impacto imediato nas operações diárias ou na experiência do consumidor.
As vendas de bilhetes seguem normalmente e o programa de fidelidade permanece inalterado, com os pontos e benefícios mantidos para os clientes.
Recapitalização e corte de dívidas
A Azul ainda informou que a reestruturação prevê US$ 1,6 bilhão em financiamento e até US$ 950 milhões em novos aportes de capital, fortalecendo o caixa para sustentar a operação durante o processo de reestruturação.
Além disso, o plano pretende eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas, o que pode representar uma virada na saúde financeira da companhia.