- Entre os nomes estão companhias como Americanas, Oi, Light e Saraiva.
- Desafios vão além do varejo e envolvem energia, educação e telecomunicações.
- Especialistas alertam para riscos, falta de transparência e volatilidade elevada.
Atualmente, 17 companhias listadas na Bolsa de Valores brasileira (B3) estão em processo de recuperação judicial, conforme levantamento publicado nesta quarta-feira (26). O número expõe um cenário de fragilidade entre as empresas abertas e reforça a necessidade de atenção redobrada por parte de investidores, principalmente os de perfil conservador.
Situação afeta desde grupos varejistas até o setor industrial
A lista de empresas em reestruturação judicial inclui nomes conhecidos do mercado, como Americanas (AMER3), Oi (OIBR3), Marisa (AMAR3) e Light (LIGT3). Além delas, outros grupos de menor capitalização também enfrentam processos semelhantes, como Saraiva (SLED4), Inbrands (INBR3) e Kroton (COGN3) — esta última por meio da controladora Somos Educação.
Essas companhias atuam em segmentos variados, que vão desde o varejo e telecomunicações até a energia elétrica e educação. Portanto, o problema não se concentra em somente um setor específico, mas indica desafios mais amplos de liquidez, gestão e adaptação a um ambiente macroeconômico adverso.
Além disso, algumas empresas já tiveram ações suspensas ou retiradas do Novo Mercado por descumprimento de obrigações com credores e acionistas. Esse movimento reduziu ainda mais a liquidez desses papéis e aumentou os riscos para quem ainda os mantém em carteira.
Recuperação judicial não significa falência, mas exige cautela
A entrada em recuperação judicial tem como objetivo evitar a falência e permitir que a empresa reorganize suas finanças com respaldo jurídico. Contudo, esse processo costuma impactar diretamente os investidores, já que as ações de empresas em RJ tendem a perder valor e sofrem com forte oscilação.
Segundo especialistas, esse tipo de evento muda o perfil de risco do papel, mesmo para os investidores acostumados com volatilidade. A falta de previsibilidade sobre o futuro da companhia, os atrasos em divulgação de balanços e a possibilidade de conversão de dívidas em ações contribuem para ampliar a instabilidade.
Portanto, quem mantém papéis dessas empresas precisa acompanhar de perto cada decisão judicial e as assembleias de credores, pois essas etapas influenciam diretamente o plano de reestruturação e, por consequência, o valor de mercado das ações.
Investidores devem analisar fundamentos e exposição ao risco
De acordo com analistas do mercado, o investidor deve tratar empresas em recuperação judicial com máxima cautela. Antes de realizar qualquer operação, é essencial avaliar o histórico de governança da companhia, o andamento do processo judicial e a viabilidade de sua reestruturação.
Além disso, a recomendação geral é diversificar a carteira e limitar a exposição a ativos considerados de alto risco. Investidores iniciantes ou com perfil moderado devem evitar aplicações nesse tipo de ação, mesmo que os papéis apresentem quedas acentuadas e, à primeira vista, pareçam oportunidades.
Em paralelo, plataformas de análise e corretoras reforçam que a transparência de informações financeiras tende a ser menor durante o período de recuperação judicial. Isso dificulta estimativas de valuation e prejudica a tomada de decisão baseada em fundamentos sólidos.
Casos emblemáticos reforçam necessidade de educação financeira
Situações como a da Americanas — envolvida em um escândalo contábil bilionário no início de 2023 — e a da Oi, que enfrenta a sua segunda recuperação judicial em menos de dez anos, reforçam a importância da educação financeira nos dias atuais. Muitos investidores de varejo mantiveram posições relevantes nessas ações sem considerar os riscos associados.
Dessa forma, especialistas recomendam que o investidor mantenha atenção aos alertas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aos relatórios de auditoria e às notas divulgadas pelas próprias empresas. A leitura crítica dessas informações pode evitar prejuízos maiores no longo prazo.