Recuperação de fundo

"Brasil está muito ruim" e "EUA vai decolar", diz gestor de fundo

Fundo da Adam Capital surpreende após três anos de baixo desempenho, Appel continua otimista com os EUA e cauteloso com o Brasil.

"Brasil está muito ruim" e "EUA vai decolar", diz gestor de fundo
  • Após três anos difíceis, o fundo Adam Macro, de Marcio Appel, teve um retorno de 28,9% em 2024, superando o CDI pela primeira vez desde 2020
  • Appel permanece otimista com os EUA, especialmente em tecnologia, mas é cauteloso com o Brasil, acreditando que o mercado ainda não atingiu seu potencial negativo
  • O gestor vê os avanços em IA como um motor de crescimento e acredita que diversificar os investimentos será essencial, especialmente com a desaceleração das big techs

Depois de três anos difíceis, o renomado gestor Marcio Appel, fundador da Adam Capital, viu seu principal fundo, o Adam Macro, se recuperar de forma impressionante em 2024.

O fundo, que administra atualmente R$ 3 bilhões, teve um desempenho de 28,9%, ou 265% do CDI. Dessa forma, marcando o melhor retorno desde o seu lançamento e superando o benchmark pela primeira vez desde 2020.

O Adam Macro não só apresentou um dos melhores desempenhos entre os fundos multimercado, como também conseguiu superar o CDI desde sua criação. Dessa forma, alcançando uma rentabilidade de 103% do CDI.

O resultado de 2024 foi uma recuperação sólida para a Adam Capital, especialmente após um 2023 em que o fundo estava operando a apenas 73% do CDI desde o seu início.

Investimentos nos EUA e preocupações

Uma grande parte da rentabilidade de 2024 veio de apostas que seguiram o desempenho do Nasdaq, o índice das grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

Além disso, o Adam Macro teve sucesso com uma aposta em um mercado de ações brasileiro em queda. Appel, em entrevista ao Brazil Journal, reafirmou sua visão de que, enquanto o mercado americano ainda tem muito potencial para crescer, o Brasil “ainda não caiu nada”. E, assim, continua com sérios desafios estruturais.

O gestor se mostrou otimista em relação à economia dos EUA, destacando que o país está em um caminho de crescimento, especialmente com o impulso das big techs.

Para ele, a economia americana ainda está longe de atingir seu verdadeiro potencial, com o setor de tecnologia podendo ter uma “decolagem espetacular”. Em contraste, ele manteve um olhar crítico sobre o Brasil, onde a Bolsa, segundo Appel, sempre apresenta mais exceções de alta do que uma tendência sustentada de crescimento.

Para ele, “a Bolsa brasileira nunca teve um período longo de desempenho positivo”. Assi , refletindo a instabilidade estrutural do mercado no país.

O impacto da inteligência artificial

Além de suas visões sobre os mercados, Appel também destacou a importância da inteligência artificial como um fator que pode mudar o jogo nos próximos anos. A queda nos custos de inferência de modelos de IA, 99% nos últimos dois anos, é um exemplo claro de como as evoluções exponenciais podem trazer ganhos significativos de produtividade.

Para o gestor, esses avanços tornam os mercados mais dinâmicos. Especialmente, no setor de tecnologia, que deve ser um dos motores da economia global.

Com o cenário atual, Appel acredita que a diversificação é fundamental para quem busca bons retornos no longo prazo. Embora o mercado americano continue atraente, ele sugere que as pessoas diversifiquem seus investimentos. Assim, já que o espaço para altos ganhos nas big techs pode estar se reduzindo após um longo período de crescimento.

As medidas de desregulamentação e a redução do papel do Estado também são vistas como fatores positivos para a melhora dos fundamentos econômicos.

Apesar de seu otimismo com os EUA e seu pessimismo com o Brasil, Appel não deixa de reconhecer que o cenário para o mercado americano ainda oferece boas oportunidades. Principalmente em um momento onde as tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, começam a mostrar seu impacto no mercado de trabalho e no aumento da produtividade.

O futuro para 2025

Com um desempenho destacado em 2024, a Adam Capital parece estar em um bom caminho para continuar superando o CDI. E, além disso, entregando bons resultados aos seus investidores.

Appel mantém suas posições para 2025, com uma visão otimista sobre os Estados Unidos e cautelosa sobre o Brasil. Para ele, o ano de 2024 foi apenas o começo de uma fase mais positiva para o fundo. Que, no entanto, deverá seguir as tendências do Nasdaq e continuar apostando em uma possível queda das ações brasileiras.

Ao mesmo tempo, ele mantém sua visão de que o Brasil ainda enfrenta uma série de desafios estruturais. Assim, o que limita o potencial de crescimento da Bolsa brasileira no curto e médio prazo.

Para os investidores, isso pode significar a necessidade de uma estratégia de diversificação mais robusta para navegar pelas incertezas econômicas globais e locais.

Com os avanços tecnológicos e as mudanças no cenário econômico mundial, 2025 promete ser mais um ano de desafios e oportunidades. E, a Adam Capital, sob a liderança de Marcio Appel, está pronta para embalar dessa transformação.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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