- O dólar subiu 0,73% após o anúncio de tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá e 10% sobre a China
- O mercado reage a possíveis retaliações, com investidores buscando segurança no dólar, que atingiu R$ 5,879
- A expectativa de inflação mais alta no Brasil contribui para a desvalorização do real frente ao dólar
O dólar operava em alta ante o real nesta segunda-feira (3), com investidores atentos às recentes movimentações do presidente dos EUA, Donald Trump. Que assinou uma ordem implementando tarifas significativas sobre produtos do México, do Canadá e da China.
As novas tarifas geraram incertezas no mercado e aumentaram as tensões comerciais entre as principais economias do mundo.
Às 9h10, o dólar à vista registrava alta de 0,73%, cotado a R$ 5,879 na compra e R$ 5,880 na venda. No momento de maior valorização, chegou a R$ 5,886.
O impacto das tarifas sobre o comércio internacional gerou um movimento de cautela entre os investidores. Que, diante da escalada de tensões, decidiram apostar no dólar como uma reserva de valor mais segura.
No mercado futuro, o dólar para março também se valorizava, subindo 0,47%, a R$ 5,903.
Novas tarifas: Impacto econômico
O aumento da cotação do dólar reflete a preocupação do mercado com as tarifas impostas pelos EUA. Trump determinou uma tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá e uma tarifa de 10% sobre produtos chineses. Ainda, com as novas taxas entrando em vigor já nesta terça-feira, 4 de fevereiro.
O impacto será significativo, pois as tarifas afetarão mais de US$ 1,3 trilhão em produtos. Contudo, o que representa mais de 40% de todas as importações dos EUA.
A medida gerou compromissos de retaliação por parte dos governos do México, Canadá e China. Trump, por sua vez, afirmou que manteria conversas com os líderes do México e do Canadá nesta segunda-feira.
Dessa forma, “tentando buscar uma solução” antes que as tarifas entrem em vigor. No entanto, a expectativa é que as taxas sejam aplicadas, a menos que haja um acordo de última hora.
Essa incerteza quanto às consequências das tarifas gerou uma aversão ao risco nos mercados financeiros, com os investidores buscando abrigo no dólar. Além disso, a possibilidade de uma guerra comercial mais intensa pode afetar negativamente a confiança no comércio global e nos mercados financeiros, impactando não apenas o Brasil, mas a economia mundial como um todo.
Dólar em alta e expectativa de inflação
O comportamento do dólar também reflete as tensões globais, enquanto o mercado interno observa um aumento nas previsões para a inflação brasileira.
O Boletim Focus, que monitora a percepção do mercado sobre os principais indicadores econômicos, registrou um aumento na expectativa para o IPCA, que agora é projetado em 5,51% ao final de 2024.
A expectativa para 2026 também subiu para 4,28%, ligeiramente superior à previsão anterior de 4,22%. Isso indica uma pressão inflacionária maior do que a esperada, o que pode influenciar as decisões de política monetária do Banco Central nos próximos meses.
Embora a inflação local tenha mostrado uma tendência de alta, o dólar também se beneficia desse cenário, com a desvalorização do real frente ao dólar como reflexo das preocupações com a economia brasileira e as incertezas globais.
Em termos de cotação, o real está sendo impactado tanto por fatores internos, como a expectativa de inflação mais alta, quanto por pressões externas, com a escalada das tarifas de Trump e a consequente retaliação por parte de outros países.
O papel do Banco Central
Em meio a essa volatilidade, o Banco Central anunciou que realizará um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional, para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
Essa intervenção tem como objetivo ajudar a controlar a oscilação cambial e garantir maior estabilidade no mercado de câmbio, tentando limitar os impactos da alta do dólar sobre a economia brasileira.
Embora o dólar tenha fechado a última sexta-feira com uma queda de 0,30%, a tendência de alta observada nesta segunda-feira reflete as reações ao cenário internacional.
A cotação do dólar à vista ontem ficou em R$ 5,8355, mas as tensões comerciais e a expectativa de novas tarifas podem continuar a pressionar a moeda brasileira.
O cenário atual exige uma vigilância constante dos mercados, tanto no Brasil quanto nos EUA, já que as decisões tomadas no campo econômico e político internacional podem influenciar significativamente a cotação do dólar e os rumos da economia global.