
- Mesmo com inflação elevada, os brasileiros mantêm gastos essenciais, impulsionando vendas em supermercados e restaurantes
- As famílias estão otimizando orçamentos, equilibrando necessidades alimentares com ajustes nos padrões de consumo
- O aumento nas transações reflete estratégias para lidar com a pressão inflacionária sem abrir mão de itens básicos
Nesta segunda-feira (24), o dólar à vista subia frente ao real, contrariando a tendência de queda da moeda norte-americana ante outros pares emergentes. A divisa dos Estados Unidos era impulsionada pela expectativa dos investidores sobre novos detalhes dos planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Às 9h59, o dólar à vista registrava alta de 0,66%, sendo negociado a R$ 5,7531 na venda. Logo antes, o valor da moeda norte-americana atingiu a máxima do dia, tocando R$ 5,7717, o que representava um aumento de 1% em relação ao real.
Investidores focam nas tarifas de Trump
O aumento do dólar no Brasil ocorre no contexto de crescente atenção dos mercados internacionais às medidas comerciais de Trump. O presidente norte-americano anunciou que, no dia 2 de abril, revelará novas tarifas recíprocas. E, que deverão, assim, afetar vários países.
No entanto, informações recentes indicam que ele pode excluir alguns setores específicos da imposição de tarifas. Dessa forma, o que acirra ainda mais a volatilidade do mercado.
O plano de tarifas de Trump visa responder às barreiras comerciais impostas por outros países às exportações dos EUA. O governo dos Estados Unidos tem como objetivo contrabalançar o que considera como práticas comerciais desleais de parceiros comerciais. Assim, como China, União Europeia e México, através de tarifas mais altas.
No entanto, a complexidade e os impactos dessas tarifas seguem sendo debatidos. Com analistas temendo um agravamento da guerra comercial, além da possível desaceleração econômica nos EUA.
Expectativa de impacto no mercado global
O aumento do dólar à vista também está relacionado ao crescente otimismo dos investidores quanto a uma possível suavização das tarifas, que poderiam isentar alguns setores específicos da economia global.
Desde que Trump retornou ao comando da Casa Branca, suas declarações sobre tarifas têm sido marcadas por incertezas e reviravoltas. Isso gerou uma maior volatilidade nos mercados, com os investidores tentando avaliar os impactos potenciais das futuras tarifas, particularmente em mercados emergentes.
Em meio a essas incertezas, alguns analistas afirmam que o Brasil, devido ao seu alto regime tarifário, tem se beneficiado da exclusão de algumas tarifas, o que fez o real se destacar positivamente em comparação com outras moedas do G20.
O analista Eduardo Moutinho, do Ebury Bank, comentou que a moeda brasileira não está reagindo da mesma forma que outras divisas emergentes, por estar fora da principal linha de mira das tarifas de Trump, que geralmente afetariam nações com grandes desequilíbrios comerciais com os EUA.
Perspectivas para o dólar e os mercados emergentes
Apesar do aumento do dólar frente ao real, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana em relação a uma cesta de seis divisas, subia apenas 0,06%, marcando 104,090.
A oscilação do dólar reflete um clima de incerteza nos mercados internacionais, enquanto os investidores aguardam mais informações sobre o direcionamento da política tarifária de Trump e suas implicações econômicas.
Em um cenário de alta no valor da moeda dos EUA, os mercados emergentes, como o Brasil, podem sofrer os efeitos de um dólar mais forte, encarecendo a dívida externa e impactando o poder de compra das empresas.
No Brasil, os impactos do dólar mais forte podem afetar a inflação, especialmente em produtos que dependem de insumos importados. Além disso, a volatilidade cambial poderá ter repercussões no mercado de ações e em outros indicadores financeiros, dependendo das medidas que Trump anunciar em abril.
Para os investidores e analistas, o cenário permanece incerto, à medida que as tensões comerciais globais se intensificam, e a dinâmica entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais permanece no centro das atenções.
O dólar segue sendo um termômetro crucial para os investidores, refletindo tanto as políticas internas dos EUA quanto os desdobramentos da guerra comercial, e a expectativa é de que as próximas semanas sejam decisivas para entender o impacto das medidas tarifárias. Além das possíveis mudanças nos fluxos de comércio global.