Selic a 12,25% ao ano

Copom eleva Selic para 12,25% em movimento contra a inflação

O aumento da taxa básica de juros reflete a resposta do Banco Central a pressões inflacionárias, e gera reações mistas nos mercados.

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  • O Copom eleva a taxa básica de juros em 1 ponto percentual para 12,25% ao ano, visando conter a inflação
  • Após o aumento da Selic, os contratos futuros de curto prazo registraram alta, enquanto os de longo prazo indicaram otimismo com o pacote fiscal
  • Analistas alertam que o aumento da Selic pode afetar o crescimento econômico, mas é necessário para controlar a inflação
  • O avanço do pacote fiscal no Congresso é visto como fator positivo para o mercado, com expectativa de queda nos juros de longo prazo

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (11), aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual. Assim, elevando-a para 12,25% ao ano.

A decisão, amplamente antecipada pelo mercado, visa combater o cenário inflacionário persistente e reforçar o compromisso do governo com o cumprimento das metas de controle da inflação.

A medida, portanto, gerou reações mistas nos mercados financeiros. Com os analistas divididos sobre o impacto do aumento nos próximos meses.

A elevação da taxa básica de juros já estava precificada por boa parte dos analistas financeiros, conforme antecipado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Conter o aumento dos preços

A alta foi vista como uma tentativa do Banco Central de conter o aumento dos preços, principalmente diante da resistência da inflação corrente. Além da preocupação com o risco inflacionário relacionado ao câmbio.

“O Banco Central reage a um cenário adverso e, como a própria autoridade monetária sinalizou, existe muito mais certeza desse cenário adverso, portanto uma ação contundente que procura reforçar o compromisso com o sistema de metas”, explicou Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV.

Após o anúncio, as taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo reagiram com alta. O DI para janeiro de 2025, por exemplo, subiu para 12,009%, contra 11,96% no ajuste anterior.

No entanto, no longo prazo, a visão dos investidores se mostrou mais otimista. Principalmente em relação ao andamento do pacote fiscal no Congresso. Em mercados futuros de longo prazo, as taxas recuaram. Contudo, refletindo a expectativa de que o governo avançará com as reformas fiscais que podem ajudar a melhorar as perspectivas econômicas no futuro.

Sem impacto negativo

Apesar da alta da Selic, o movimento não gerou um impacto negativo significativo no mercado acionário brasileiro. Mas pode ter efeitos limitados na bolsa nos próximos dias.

O índice MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), fundo de gestão passiva ligado à Bolsa brasileira, mostrou uma reação positiva no after-market, com uma valorização de 1,19%, alcançando US$ 26,82.

Contudo, especialistas alertam que a medida de aumento de juros pode resultar em um “choque monetário”. Que, embora necessário para combater a inflação, não favorece o crescimento econômico e a valorização das empresas.

“Choque monetário não é bom para crescimento, não é bom para o valor das empresas. Acho que esse movimento não resgata sozinho a confiança da política econômica. Portanto, a Bolsa não deve recuperar terreno por conta disso”, avaliou um economista, refletindo a opinião de parte do mercado financeiro.

Sinalização de compromisso

Por outro lado, para alguns analistas, a decisão do Banco Central foi uma sinalização importante de compromisso com o controle da inflação, o que pode gerar um cenário mais otimista para o mercado no médio e longo prazo.

A economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, destacou que a resposta do Copom é uma ação forte para evitar a desancoragem das expectativas inflacionárias, o que tende a ser bem recebido pelos investidores.

“O Banco Central reafirma seu compromisso com a meta de inflação. Essa decisão tende a ser bem recebida pelos mercados, com queda nos juros das curvas mais longas e apreciação da moeda brasileira”, afirmou.

Embora a elevação da Selic seja uma resposta esperada, ela também reflete a complexidade do cenário econômico atual. Dessa forma, marcado por pressões inflacionárias persistentes e um ambiente de juros elevados.

O movimento, embora necessário para a estabilidade da economia, deve ser acompanhado de perto. Especialmente considerando o impacto que ele pode ter nas perspectivas de crescimento e nos mercados financeiros.

Com a alta de 1 ponto percentual, o Copom sinaliza que continuará atento às condições econômicas e aos riscos inflacionários, e que ajustes adicionais podem ser feitos conforme necessário.

O mercado seguirá monitorando as ações do governo e do Banco Central, especialmente em relação ao pacote fiscal que está sendo negociado no Congresso, na expectativa de que ele traga resultados positivos para a economia nos próximos meses.

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