
- A moeda americana abriu a semana em alta de 0,88%, cotada a R$ 5,884, após ter subido quase 4% na última sexta-feira
- Investidores reagem com cautela aos planos tarifários de Trump, temendo uma recessão global e migrando para ativos mais seguros
- Com o real entre as moedas mais pressionadas, a alta do dólar encarece importações, pressiona a inflação e afeta o crescimento econômico
O dólar à vista iniciou a semana em firme alta frente ao real, refletindo a apreensão dos mercados globais diante dos novos sinais de escalada na guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Às 9h14 desta segunda-feira (7), a moeda norte-americana subia 0,88%, sendo negociada a R$ 5,883 para compra e R$ 5,884 para venda. Já na B3, o contrato futuro de dólar com vencimento em maio apresentava avanço de 0,46%, cotado a 5.910 pontos.
A nova rodada de valorização da moeda americana acompanha o fortalecimento do dólar no exterior, em meio à crescente aversão ao risco dos investidores globais. O temor de que as recentes medidas tarifárias dos EUA afetem o ritmo de crescimento das principais economias do mundo tem levado os agentes financeiros a buscar ativos considerados mais seguros, como o próprio dólar.
O movimento de alta nesta segunda dá continuidade à forte valorização da moeda registrada na última sexta-feira, quando o dólar saltou quase 4% frente ao real, em uma das maiores altas diárias de 2025. Com isso, o real figura entre as moedas emergentes mais pressionadas, em um cenário que une fatores externos e incertezas fiscais internas.
Temor de recessão alimenta valorização do dólar
O pano de fundo para o fortalecimento do dólar é a incerteza quanto aos rumos da política comercial dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump voltou a sinalizar a possibilidade de novas tarifas sobre importações chinesas e de outros países. Dessa forma, o que reacendeu os receios de uma desaceleração econômica global.
Investidores enxergam nas declarações do presidente americano um risco crescente à estabilidade do comércio internacional. Isso faz com que o apetite por risco diminua. Assim, impulsionando a fuga de capitais de mercados emergentes, para ativos considerados mais seguros e líquidos, como os títulos do Tesouro dos EUA e a própria moeda americana.
Além disso, crescem as apostas de que o Federal Reserve poderá manter uma postura mais cautelosa quanto a cortes de juros. Contudo, mesmo diante da desaceleração econômica, o que sustenta o dólar forte em escala global. Esse cenário agrava ainda mais a desvalorização de moedas como o real, o peso chileno e o rand sul-africano.
Cotação do dólar pressiona economia brasileira
A valorização expressiva do dólar tem efeitos imediatos sobre a economia brasileira. O dólar comercial operava nesta manhã a R$ 5,838 tanto na compra quanto na venda. Enquanto, o dólar turismo registrava cotação de R$ 5,812 para compra e R$ 5,992 para venda, sinalizando um ambiente de volatilidade que afeta diretamente o consumidor brasileiro.
A alta do dólar encarece produtos importados, pressiona a inflação e amplia o custo de produção em setores que dependem de insumos vindos do exterior. Além disso, o câmbio desfavorável dificulta o controle da inflação pelo Banco Central e pode comprometer a retomada do crescimento no país, que já enfrenta desafios fiscais e baixa confiança do mercado.
Com a instabilidade externa e a valorização do dólar, analistas avaliam que o Banco Central brasileiro pode ser pressionado a intervir no mercado de câmbio para conter movimentos especulativos. No entanto, com as reservas internacionais estáveis e um ambiente de juros ainda elevados, a autoridade monetária pode optar por acompanhar os desdobramentos externos antes de adotar medidas mais agressivas.
Enquanto isso, os investidores locais permanecem atentos às falas de Trump, aos dados econômicos globais e à política monetária dos EUA. Contudo, que seguem ditando o ritmo do câmbio nas próximas sessões.