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- Conflito entre Trump e Zelensky aumenta tensão geopolítica e impulsiona alta do dólar
- Mudança ministerial no governo Lula gera incerteza e preocupa o mercado
- Dólar sobe 1,50%, encerrando o mês cotado a R$ 5,916
O dólar comercial fechou em forte alta nesta sexta-feira, superando novamente os R$ 5,90 no último pregão de fevereiro. A moeda norte-americana subiu 1,50%, encerrando o dia cotada a R$ 5,916 para compra e venda. O movimento foi impulsionado por tensões geopolíticas envolvendo Estados Unidos, Ucrânia e Rússia, além de incertezas políticas no Brasil.
Durante a sessão, o dólar atingiu a máxima de R$ 5,918, acompanhando a piora nos mercados globais. Investidores buscaram proteção diante do aumento dos riscos políticos e da proximidade do feriado de Carnaval, que manterá os mercados fechados no Brasil até quarta-feira.
Tensão entre Trump e Zelensky
A principal causa da valorização do dólar foi o embate entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os dois líderes se encontraram no Salão Oval para discutir um acordo de participação dos EUA no setor mineral da Ucrânia, mas o encontro rapidamente se tornou um palco para desentendimentos públicos.
Zelensky criticou a postura de Trump em relação ao presidente russo, Vladimir Putin, e pediu uma posição mais firme contra Moscou. Trump, por sua vez, acusou Zelensky de exagerar a situação da guerra e insistiu que Putin está disposto a negociar um acordo de paz. Esse atrito aumentou as preocupações do mercado sobre a estabilidade geopolítica, levando os investidores a buscar refúgio no dólar.
Mudanças no Governo Lula
No cenário interno, o dólar acelerou sua valorização após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolher a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, para assumir o Ministério de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha, que foi deslocado para o Ministério da Saúde.
A nomeação gerou apreensão no mercado financeiro e entre parlamentares, devido ao histórico de embates de Gleisi com o Congresso. Analistas temem que a mudança complique ainda mais a articulação política do governo.
“Ela já enfrenta resistência no Congresso, e essa escolha pode dificultar ainda mais a relação com os parlamentares”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Essa incerteza fez com que investidores buscassem o dólar como proteção, intensificando a alta da moeda no mercado doméstico.
Disputa pela Ptax e feriado prolongado
Outro fator que contribuiu para a disparada do dólar foi a disputa pela formação da taxa Ptax de fim de mês. A Ptax, calculada pelo Banco Central, serve de referência para liquidação de contratos futuros e, no último dia do mês, costuma ser alvo de disputas entre investidores que tentam direcioná-la para níveis mais favoráveis às suas posições.
Além disso, a proximidade do feriado de Carnaval incentivou a busca por proteção cambial, uma vez que os mercados no Brasil ficarão fechados até quarta-feira. Isso levou a um aumento da demanda por dólar, reforçando sua alta.
Desempenho do dólar
O real teve uma semana difícil frente ao dólar, acumulando uma desvalorização de 3,25%. No mês de fevereiro, a moeda norte-americana subiu 1,39%. Esses números refletem a crescente aversão ao risco dos investidores diante das incertezas políticas e econômicas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Cotação do dólar no fechamento
- Dólar comercial:
- Compra: R$ 5,916
- Venda: R$ 5,916
- Dólar turismo:
- Compra: R$ 5,946
- Venda: R$ 6,126
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subiu 0,93%, fechando a 5.931 pontos.