Economia ameaçada

Dólar, juros e inflação devem subir mais em 2025 e 2026

Mercado revisa para cima as previsões de juros, inflação e dólar para 2025 e 2026, após anúncios do governo.

Arte: GDI
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O mercado financeiro revisou para cima as expectativas para os principais indicadores econômicos de 2025, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (2). As estimativas, que refletem a percepção de analistas financeiros, foram ajustadas após o detalhamento do pacote fiscal e da proposta de reforma do Imposto de Renda apresentada pelo governo federal na última semana.

A projeção para a taxa básica de juros (Selic) em 2025 subiu pela terceira semana consecutiva, alcançando 12,63% ao ano. Na edição anterior, a estimativa estava em 12,25%. Para 2024, o mercado manteve a expectativa de 11,75%, alinhada ao atual patamar de 11,25% ao ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deve se reunir nos dias 10 e 11 de dezembro para decidir sobre a Selic. A aposta predominante é de um novo aumento de 0,5 ponto percentual.

Inflação: IPCA em escalada

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial da inflação no Brasil, também teve projeções revisadas. Para 2025, a estimativa subiu para 4,4%, contra 4,34% na semana anterior. Essa é a sétima alta consecutiva registrada no Boletim Focus para o indicador.

Para 2024, a inflação esperada passou de 4,63% para 4,71%, aproximando-se do teto da meta estipulada pelo BC, que é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

O dólar teve a projeção para o final de 2024 elevada de R$ 5,55 para R$ 5,60, enquanto a estimativa para 2023 foi mantida em R$ 5,70. No mercado à vista, a moeda norte-americana encerrou novembro cotada a R$ 6, registrando alta de 3,8% no mês.

Analistas apontam a reação negativa ao pacote fiscal como um dos principais motores da valorização cambial.

“O dólar está refletindo incertezas quanto à sustentabilidade das medidas econômicas anunciadas, além do impacto das taxas de juros nos Estados Unidos”.

Afirmou o consultor financeiro Pedro Lemos à CNN Brasil.

Crescimento Econômico: PIB em alta moderada

O Produto Interno Bruto (PIB) para 2024 foi revisto para um crescimento de 3,22%, enquanto a estimativa para 2025 se manteve em 1,95%. “Embora o curto prazo mostre sinais de recuperação, a desaceleração esperada para 2025 reflete a incerteza sobre a consolidação fiscal e o impacto das políticas monetárias globais”, destacou o economista João Ribeiro.

Pacote Fiscal e Reforma do IR

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de medidas fiscais na última quarta-feira (27), com potencial de gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. O plano inclui cortes de gastos e ajustes orçamentários.

Além disso, o governo enviou ao Congresso a proposta de isenção do Imposto de Renda para pessoas com rendimentos mensais de até R$ 5 mil, uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mercado cauteloso

O Boletim Focus, consolidado semanalmente pelo BC a partir de consultas a mais de 100 instituições financeiras, reforça o clima de cautela. Os números indicam que, mesmo com os esforços do governo, os desafios macroeconômicos para 2024 e 2025 permanecem significativos.

“A combinação de juros elevados, pressão inflacionária e câmbio instável impõe restrições ao crescimento sustentável”, alertou Camila Souza.

O Copom deve oferecer novos sinais ao mercado em sua última reunião do ano, enquanto o desempenho da economia em 2024 será crucial para calibrar as expectativas futuras.

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