Cautela financeira

Dólar ultrapassa R$ 6 com nova escalada na guerra comercial

Moeda norte-americana dispara após Pequim anunciar retaliação às tarifas de Trump e mercado reage com cautela.

Imagem/Reprodução
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  • Dólar rompe R$ 6 com retaliações da China às tarifas de Trump
  • Banco Central tenta conter alta com leilão de swaps cambiais
  • Mercado teme recessão global e inflação, ampliando cautela e aversão ao risco

O dólar à vista iniciou esta quarta-feira (9) em forte alta contra o real, refletindo o aumento das tensões entre Estados Unidos e China. Às 9h11, a moeda norte-americana subia 1,11%, sendo negociada a R$ 6,064 na compra e R$ 6,065 na venda.

O contrato futuro de dólar com vencimento em maio, o mais líquido da B3, avançava 0,75%, aos 6.082 pontos. O movimento ocorre um dia depois de o dólar à vista ter fechado a R$ 5,9985, ainda, o maior valor desde 21 de janeiro deste ano.

A reação dos mercados veio após a China anunciar uma nova rodada de retaliações comerciais em resposta às tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

As medidas chinesas entraram em vigor poucas horas após os EUA dobrarem as taxas sobre diversos produtos importados. A intensificação da disputa eleva o temor de uma recessão global e amplia a busca por ativos considerados mais seguros, como o dólar.

O fortalecimento da moeda americana impacta diretamente o mercado cambial brasileiro, que já vinha sob pressão nas últimas semanas. Com o dólar ultrapassando novamente a marca dos R$ 6, aumenta a preocupação sobre os efeitos inflacionários no Brasil e os desafios adicionais à política monetária.

Banco Central atua com swap cambial

Diante da disparada do dólar e do aumento da volatilidade, o Banco Central brasileiro anunciou para esta quarta-feira um leilão de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional.

A operação tem como objetivo rolar vencimentos de contratos que expiram em 2 de maio de 2025 e, ao mesmo tempo, aliviar a pressão sobre o câmbio no curto prazo.

Apesar da intervenção, analistas destacam que a escalada da guerra comercial tem origem externa e, portanto, está fora do controle das autoridades brasileiras.

Mesmo com leilões e instrumentos de proteção, a tendência de valorização do dólar pode persistir, especialmente se os desdobramentos entre Washington e Pequim continuarem imprevisíveis.

O fortalecimento global da moeda americana também pressiona outras moedas emergentes. No Brasil, o dólar turismo já é negociado a R$ 6,186 na venda, enquanto o comercial está em R$ 6,055. A diferença entre os dois reflete os custos adicionais das transações físicas, mas indica um ambiente de alta generalizada no câmbio.

Mercado reage com cautela a risco de recessão

A intensificação da guerra comercial aumenta o pessimismo nos mercados. Investidores veem com preocupação a escalada de tarifas entre EUA e China, que eleva os custos de importação e pode pressionar os preços ao consumidor, reacendendo o temor de uma onda inflacionária global.

Além disso, o ambiente de incerteza reduz o apetite por risco, o que penaliza bolsas de valores e moedas de países emergentes.

No Brasil, o Ibovespa já acumula sucessivas quedas nesta semana, acompanhando o movimento global de aversão ao risco. A combinação de dólar alto, pressão inflacionária e perda de confiança pode comprometer o crescimento econômico. E, assim, dificultar a recuperação prevista para o segundo semestre.

A preocupação com a política monetária também aumenta. Um dólar mais caro tende a pressionar os preços internos, especialmente de produtos importados, e pode afetar decisões futuras do Comitê de Política Monetária (Copom).

Especialistas não descartam revisões nas expectativas para os juros e para o câmbio nos próximos meses, caso o conflito comercial continue escalando.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ