
No momento em que a curva de juros reais de longo prazo pressiona valuations e margens em diversos setores, o segmento de serviços básicos — que inclui companhias de energia, saneamento e distribuição, como Equatorial (EQTL3) e Copel (CPLE6) — segue oferecendo retornos atrativos ajustados ao risco, segundo análise do BTG Pactual.
“Mesmo com prêmios historicamente baixos, ainda há boas ideias no setor, tanto em teses de carrego quanto em oportunidades mais táticas”, afirmam os analistas Antonio Junqueira, Gisele Gushiken, Maria Schutz e Luis Mollo, autores do relatório.
O BTG explica que o prêmio médio atual do setor está em 210 a 230 pontos-base sobre os títulos reais de 10 anos do governo — o segundo menor nível desde 2012.
Ainda assim, a TIR (taxa interna de retorno) real média de companhias como Equatorial, Sabesp e Copel gira em torno de 10%, nível considerado sólido, especialmente frente à estabilidade operacional dessas empresas.
Equatorial: “A máquina de M&As ainda não parou”
Entre os destaques, o banco reafirma confiança na Equatorial (EQTL3). Com retorno real estimado em 10,3%, a ação tem sido consistentemente lucrativa ao longo dos anos, combinando boas surpresas operacionais com alocação de capital eficiente.
“Desde 2020, ouvimos que a Equatorial já não teria mais pipeline de aquisições… E desde então, ela comprou a CEEE, a CELG, a Sabesp, além de outros ativos relevantes”, lembra o BTG.
“A empresa ainda enxerga oportunidades no setor de distribuição de energia e deve liderar movimentos de consolidação com a aproximação da renovação das concessões.”
Mesmo sendo uma empresa de R$ 45 bilhões de valor de mercado, o banco vê espaço para novos movimentos de M&A e destaca que a ‘máquina de carrego’ ainda pode funcionar por mais tempo.
Copel: dividendos generosos e simplicidade como força
Outra queridinha da análise é a Copel (CPLE6), cuja TIR real está em 9,9%, com dividend yield médio previsto de quase 11% nos próximos cinco anos.
“2025 tem sido o ano da Copel. A empresa caminha para se tornar uma das grandes teses de carrego da Bolsa”, dizem os analistas do BTG.
“A simplicidade da tese, com foco em dividendos e crescimento orgânico, é um atrativo extra em tempos de tanta incerteza.”
A expectativa é de que, em breve, a Copel opere com uma única classe de ações com direito a voto, o que pode aumentar sua liquidez e atratividade para o investidor institucional.
Sabesp: uma “Equatorial do saneamento”?
Com retorno real de 9,6%, a Sabesp (SBSP3) também entra no radar do BTG, ainda que com uma exposição mais reduzida no momento.
A análise aponta que o Estado de São Paulo poderá leiloar até quatro blocos adicionais em 2026, o que cria um potencial significativo de expansão inorgânica para a companhia.
“No longo prazo, a Sabesp pode se tornar a Equatorial do saneamento”, sugere o BTG.
“Ainda é cedo, mas a universalização pode transformá-la em uma consolidadora relevante do setor.”
Juros em foco, mas oportunidades permanecem
O BTG lembra que 2026 pode ser um ano decisivo para as ações brasileiras, com novas narrativas políticas e movimentos de juros influenciando os mercados. Ainda assim, o banco segue otimista com o setor de utilidades:
“A correlação entre os serviços básicos e a curva de juros é alta, mas isso não elimina o potencial. A estratégia agora é de ajuste: reduzir posições no setor quando oportunidades melhores surgirem, sem abandoná-lo completamente”, conclui o BTG.