Energia em queda

Guerra Comercial: Petróleo cai abaixo de US$ 60 e ações do setor despencam

Tensão entre EUA e China derruba o petróleo e ações de energia, com mercado se preparando para cenário de recessão global.

Free Petroleo
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  • O petróleo caiu 4% e foi negociado a US$ 56,93, menor valor em quatro anos, com temor de guerra comercial entre EUA e China.
  • Ações do setor de energia, como ExxonMobil e Chevron, lideraram as perdas nas bolsas globais.
  • Analistas já projetam que a continuidade das tarifas pode levar a uma recessão global, afetando o consumo de energia.

Os preços do petróleo recuaram 4% nesta segunda-feira (8) e testaram o nível de US$ 56,93 o barril, marcando o menor patamar em mais de quatro anos. A queda foi impulsionada pelo aumento da tensão comercial entre Estados Unidos e China. O cenário acentuou o receio de uma desaceleração econômica global e derrubou as ações de empresas do setor de energia.

Mercado reage ao risco de guerra comercial

Após o anúncio de tarifas agressivas por parte do governo dos Estados Unidos, os investidores passaram a se preparar para um agravamento da guerra comercial com a China.

O presidente Donald Trump determinou um novo pacote de tarifas, elevando para 104% as taxas sobre produtos chineses. A medida provocou instabilidade nos mercados e alimentou temores de que a disputa se intensifique.

Com isso, os contratos futuros do petróleo Brent recuaram 4,63%, sendo negociados a US$ 59,93 por barril. O WTI (referência americana) caiu 4,77%, fechando o dia cotado a US$ 56,76.

Portanto, ambas as referências atingiram os menores níveis desde o início de 2021. Analistas já consideram a possibilidade de o petróleo romper a faixa dos US$ 55 nas próximas sessões.

Ações de energia lideram perdas no mercado

Empresas do setor energético registraram perdas expressivas na bolsa. As ações da ExxonMobil caíram 6,2%, enquanto a Chevron perdeu 5,8% no dia. Outras companhias, como Halliburton e Schlumberger, também recuaram com força. O setor inteiro foi impactado pela combinação de preços mais baixos da commodity e previsões de demanda reduzida.

Além disso, os ETFs ligados à energia, como o XLE, caíram 4,9% no pregão, refletindo o pessimismo generalizado dos investidores com a lucratividade das petrolíferas nos próximos trimestres.

Assim, as ações das grandes refinarias americanas também recuaram, pressionadas por margens mais apertadas e perspectiva de menor consumo global.

Possível recessão global entra no radar

O tombo nos preços do petróleo ocorre num momento em que os sinais de desaceleração global se acumulam. As tarifas entre EUA e China elevam o custo de importações, pressionam as cadeias produtivas e reduzem o apetite por investimentos. Isso resulta em uma queda natural da atividade industrial, especialmente em países que dependem fortemente do comércio exterior.

Nesse sentido, segundo analistas da consultoria Wood Mackenzie, a manutenção das tensões pode causar uma retração de até 0,7 ponto percentual no PIB mundial nos próximos 12 meses. Esse impacto tende a se refletir na redução da demanda por energia, especialmente em mercados emergentes da Ásia e América Latina.

Portanto, o petróleo — que tradicionalmente reflete as expectativas de crescimento global — passa a operar sob pressão constante. O temor é que um ciclo prolongado de atritos comerciais comprometa a recuperação econômica que se iniciou após a pandemia.

Produção global pode piorar o cenário

Mesmo diante da queda nos preços, países produtores como Arábia Saudita e Rússia ainda não anunciaram cortes significativos na oferta. Caso a produção global continue elevada, o excesso de barris no mercado pode derrubar ainda mais os preços.

Além do mais, os Estados Unidos seguem com produção robusta de petróleo de xisto, mantendo elevados níveis de exportação.

Essa postura agrava o desequilíbrio entre oferta e demanda. Com os estoques em alta e sem perspectiva de redução no curto prazo, o mercado se mantém pressionado.

Investidores migraram para ativos de proteção

Diante da aversão ao risco, muitos investidores optaram por migrar para ativos considerados mais seguros, como ouro e títulos do Tesouro americano.

Além disso, o índice VIX, conhecido como “índice do medo”, subiu 13% no dia, indicando alta volatilidade. O dólar se fortaleceu frente a moedas emergentes, como o real e o peso mexicano.

Enquanto isso, setores cíclicos, como aviação, turismo e energia, lideraram as perdas nas bolsas. O S&P 500 caiu 1,4%, enquanto o Dow Jones recuou 1,6%. A Nasdaq, mais exposta ao setor de tecnologia, perdeu 1,9%, também impactada pelas incertezas comerciais.

Luiz Fernando
Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.