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Hora de apagar a churrasqueira: Ações da Marfrig já "deram o que tinha que dar"

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Segundo o Itaú BBA, a Marfrig enfrentará dificuldades após um período de vacas gordas, em que as operações nos Estados Unidos foram responsáveis por salvar as atividades na América do Sul e reduzir a alavancagem financeira. Isso ocorre devido ao ciclo de baixa pelo qual o mercado de carne americano passa e ao avanço previsto na alavancagem financeira, em parte afetada pela participação que o frigorífico adquiriu na BRF, limitando a geração de caixa da companhia.

Esse cenário negativo fez com que os analistas do Itaú BBA reduzissem o preço-alvo das ações da Marfrig de R$ 26 para R$ 8, com recomendação neutra, embora esse valor esteja um pouco acima do registrado pelos papéis nos últimos pregões, que fecharam em R$ 6,30 na sexta-feira, dia 24 de fevereiro.

Após um ciclo de altos preços em 2021, o mercado americano de carne vem passando por um período de baixa, o que afeta significativamente a Marfrig, uma vez que as operações na região responderam por 73,6% da receita líquida consolidada do ano, de R$ 85,4 bilhões. A National Beef, marca da Marfrig nos Estados Unidos, já está sofrendo com uma compressão de margens, assim como seus concorrentes. Os analistas do Itaú BBA preveem que a margem Ebitda da empresa registre no quarto trimestre uma queda de 6,8 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre. Embora a Marfrig continue apresentando margens acima das médias históricas, os spreads estão caindo a um ritmo muito intenso nos Estados Unidos, de acordo com o relatório.

Os produtores de carne nos Estados Unidos estão retendo um número maior de vacas para permitir o crescimento do rebanho, o que deve resultar em um aumento dos custos de aquisição em 15% neste ano, levando o USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a prever que a produção de carne no país caia 6% em relação a 2022. Os analistas do Itaú BBA acreditam que a situação não deve se recuperar no curto prazo, dificultando ainda mais a situação da Marfrig.

Embora a unidade da América do Sul esteja apresentando um bom desempenho em um momento positivo do ciclo de animais no Brasil e com a China demonstrando um forte apetite, ela não será capaz de compensar totalmente a situação nas operações na América do Norte. A Marfrig enfrentará dificuldades em sua principal divisão, especialmente em um momento em que apresenta um índice de alavancagem elevado. Após ajudar a reduzir o endividamento, que já foi um problema no passado, a companhia não poderá contar com as operações na América do Norte para esse fim.

Depois de fechar a compra de 33% de participação na BRF, a dívida líquida da Marfrig alcançou R$ 25 bilhões, levando a relação com o Ebitda a atingir 2,1 vezes. Considerando os efeitos da situação nos Estados Unidos.

Sobre a Marfrig

Marfrig é uma das principais empresas do país no setor de consumo não cíclico, com destaque especial para sua atuação na produção de alimentos processados. Criada no ano de 2000, a Marfrig se tornou, ao longo das décadas, uma das principais produtoras de alimentos derivados da proteína animal do mundo, de forma que o grupo possui unidades espalhadas por mais de 10 países.

A Marfrig está presente em todas as regiões do Brasil, possuindo a maior parte das suas 50 unidades produtivas, comerciais e de distribuição localizadas em território nacional. Além disso, o grupo possui unidades em outros 12 países. A empresa ainda possui comércio com cerca de 100 países, dos quais estão nações da Ásia, América do Norte e Ásia, por exemplo. 

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