Cenário desafiador

Natura despenca em 2025: por que a queda da NATU3 não dá trégua no mercado?

Pressão macroeconômica, dúvidas sobre a Avon e números fracos seguem pesando sobre a ação da gigante brasileira.

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Natura registra lucro bilionario no terceiro trimestre de 2023 entenda
Natura registra lucro bilionario no terceiro trimestre de 2023 entenda
  • Analistas mantêm cautela e esperam melhora só em 2026
  • NATU3 cai 36% no ano e segue pressionada após balanço fraco
  • Problemas na Avon e macro restritivo afetam expectativas de lucro

A ação da Natura (NATU3) vive um dos seus momentos mais difíceis dos últimos anos. Com recuo de 36% em 2025 e queda de 12% apenas em novembro, a companhia enfrenta uma combinação de fatores internos e externos que ainda limita qualquer sinal de recuperação.

A derrocada ganhou força após o balanço do 3T25, quando os papéis caíram mais de 15% em um único pregão. Desde então, analistas mantêm um tom cauteloso, enquanto investidores tentam entender até onde vai a pressão sobre a empresa.

Queda reflete ambiente macro e desafios internos

Segundo o BB Investimentos, a baixa não é resultado de um único evento, mas sim de uma soma de fatores. O cenário macroeconômico continua restritivo, com crédito caro e perda de poder de compra, o que reduz o consumo de itens não essenciais, categoria na qual a Natura é fortemente exposta. Esse movimento afeta diretamente o volume de vendas e a rentabilidade.

Além disso, a indefinição sobre o futuro da Avon vinha sendo um dos principais pontos de preocupação. A situação começou a clarear com a venda da Avon CARD e com o acordo para vender a operação internacional (exceto Rússia). A medida reduz incertezas e separa os bons resultados da marca Natura do impacto negativo da Avon, que vinha pressionando o grupo.

Mesmo assim, a integração das marcas ainda avança mais lentamente do que o mercado imaginava. Países como México e Argentina enfrentam dificuldades adicionais, como hiperinflação, migração acelerada para modelos 100% digitais e desafios operacionais que afetam a produtividade.

Analistas seguem cautelosos com a recuperação

O JPMorgan afirma que a pressão sobre a Avon ainda limita a performance do grupo, apesar dos avanços regionais. O banco projeta FCF yield de cerca de 12% em 2026, o que ajuda a conter riscos, mas ainda não confirma uma retomada estruturada. Para os analistas, a empresa precisa mostrar mais sinais de estabilidade operacional.

Outro ponto crítico é a maturidade do canal de vendas diretas, que perdeu espaço para o varejo físico e o e-commerce. A Natura tenta diversificar sua distribuição, mas o processo é gradual e depende de mudanças comportamentais dos consumidores.

O Morgan Stanley trouxe os alertas mais fortes: a receita caiu 13%, enquanto o Ebitda ajustado recuou 33%, números piores que o esperado. Com isso, o banco revisou para baixo as projeções de 2026 e 2027 e reduziu a estimativa de lucro em até 22%. A recomendação segue equalweight, com preço-alvo de R$ 10.

O que esperar da NATU3 nos próximos meses

A venda da Avon Internacional deve ser concluída no primeiro trimestre de 2026, abrindo espaço para a Natura focar nas operações latino-americanas. O movimento tende a aliviar a alavancagem e melhorar a geração de caixa, fatores essenciais para recuperar a confiança do mercado.

A companhia também sinalizou interesse em voltar a distribuir capital aos acionistas, mas apenas após concluir a fase de simplificação corporativa. Apesar desse potencial, analistas ainda pedem maior visibilidade sobre os resultados antes de uma postura mais otimista.

O BB Investimentos mantém visão neutra sobre a ação e destaca que a melhora só deve ganhar força quando o ambiente macro for mais favorável.

O início do ciclo de corte de juros, esperado para o 1T26, pode abrir um período mais positivo para varejistas como a Natura. Entre 11 casas de análise compiladas pela LSEG, apenas 3 recomendam compra, enquanto 8 sugerem manter.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.