- Volume negociado com ações sobe 2,4% em um ano, mas número de empresas na B3 recua de 443 para 421
- Negociações com juros, moedas e commodities caem 12,1%, enquanto receita média por contrato sobe 27,5%
- Novas emissões somam R$ 1,276 trilhão e Tesouro Direto cresce 15,4%, reforçando tendência por investimentos mais seguros
O volume médio financeiro negociado no segmento de ações da B3 (B3SA3) aumentou 2,4% em março de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, alcançando R$ 25,147 bilhões por dia.
O dado mostra uma ligeira recuperação do mercado à vista, mesmo diante de uma leve retração de 2,2% em relação a fevereiro deste ano. No entanto, outros segmentos da bolsa brasileira revelaram tendências opostas, com queda expressiva no mercado de derivativos e redução no número de empresas listadas.
Ações avançam, mas capitalização média encolhe
Apesar da alta no volume financeiro médio diário negociado no mercado de ações, a capitalização média das empresas listadas na B3 caiu 6,6% em relação a março de 2024, atingindo R$ 4,285 trilhões.
A queda na capitalização pode estar relacionada a desvalorizações de mercado ou a mudanças no perfil das companhias negociadas. Em paralelo, o número total de empresas listadas caiu de 443 para 421, o que representa uma redução de 22 companhias no intervalo de um ano.
Esse movimento de enxugamento da base de listadas contrasta com o crescimento do interesse por renda fixa e investimentos mais conservadores. Ainda, impulsionado pelo ambiente de juros ainda elevados.
A leve recuperação no mercado de ações, embora positiva, não tem sido suficiente para reverter a tendência de menor atratividade da bolsa como alternativa de financiamento para as empresas.
Segmento futuro retrai
O mercado de futuros, que engloba negociações com juros, moedas e mercadorias, registrou queda de 12,1% no volume médio diário, totalizando R$ 9,169 bilhões em março.
A retração indica uma diminuição da atividade especulativa e de hedge no curto prazo. Contudo, o que pode estar ligado à menor volatilidade de certos ativos ou à cautela dos investidores em um cenário de incertezas políticas e fiscais no Brasil e no exterior.
Por outro lado, a receita média por contrato negociado nesse segmento subiu 27,5% em relação ao mesmo período de 2024, chegando a R$ 1,471.
Essa elevação reflete, em parte, um aumento na complexidade dos contratos negociados e pode indicar que, mesmo com menor volume, o mercado ainda oferece boas margens operacionais para a B3.
Renda fixa ganha força com destaque para o Tesouro Direto
Em contrapartida à retração de listagens e da negociação de futuros, o mercado de renda fixa no balcão apresentou crescimento robusto. As novas emissões somaram R$ 1,276 trilhão, uma alta anual de 7,8%.
Já o estoque total de títulos de renda fixa cresceu 28,6%, alcançando R$ 7,886 trilhões. Dessa forma, o que mostra o apetite crescente dos investidores por ativos mais seguros e previsíveis.
O Tesouro Direto também ganhou mais popularidade: o número de investidores cadastrados no programa subiu 15,4%, chegando a 2,947 milhões de pessoas.
Esse aumento reforça a tendência de migração de investidores individuais para ativos públicos, em busca de estabilidade e previsibilidade. Especialmente, em um cenário macroeconômico ainda marcado por incertezas.
O conjunto dos dados de março de 2025 revela uma fotografia mista da B3. Enquanto o segmento à vista começa a mostrar sinais de retomada, outros setores importantes da bolsa, como derivativos e listagem de empresas, apresentam retração.
Por outro lado, o avanço da renda fixa e o crescimento do Tesouro Direto indicam uma reconfiguração do perfil do investidor brasileiro, que prioriza segurança em tempos de incerteza.