
- Nubank estuda comprar banco para obter licença completa do Banco Central
- Pressão regulatória e lobby dos grandes bancos aceleraram discussão
- Estratégia pode redefinir o futuro da fintech e mudar sua posição no mercado
O Nubank está diante de uma encruzilhada decisiva. A fintech fundada por David Vélez estuda comprar um banco tradicional para garantir uma licença bancária completa e não perder espaço diante das novas regras em estudo pelo Banco Central.
A consulta pública aberta pelo BC reacendeu o alerta: se alterar a classificação das instituições, o BC pode impor restrições operacionais que mudariam a atuação do Nubank no mercado. A decisão, segundo analistas, pode marcar o maior movimento estratégico desde a sua fundação.
Pressão regulatória aumenta
Atualmente, o Nubank é enquadrado como empresa de pagamentos. Isso garante flexibilidade, mas pode se tornar um obstáculo caso as mudanças avancem. Se o Banco Central limitar as atividades das financeiras, o banco digital precisará dar um passo além para manter sua competitividade.
Além disso, a compra de uma instituição bancária seria a saída mais rápida para ampliar os serviços oferecidos, com maior autonomia para captar depósitos, emprestar em novas modalidades e reforçar sua posição frente aos concorrentes.
Desse modo, nos bastidores, executivos do setor afirmam que a pressão dos grandes bancos tradicionais pesou na revisão das regras. Eles temem que fintechs sem licença plena continuem avançando em fatias importantes do mercado.
Estratégia em movimento
O Nubank já deixou claro que acompanha de perto a discussão regulatória. Em nota, a fintech afirmou que qualquer mudança só será implementada após amplo debate e com prazos adequados de adaptação.
Ainda assim, fontes próximas ao banco dizem que a avaliação sobre possíveis aquisições já ocorre há meses, especialmente em segmentos de nicho. Logo, a lógica seria comprar uma instituição menor, mas com licença ativa, acelerando o processo de adequação.
Portanto, esse movimento também abriria espaço para o Nubank ampliar produtos de crédito e investimentos, setores em que a concorrência com bancos tradicionais ainda é desafiadora.
O que está em jogo
A trajetória do Nubank sempre quebrou barreiras. Criou cartão sem anuidade, expandiu contas digitais e alcançou mais de 90 milhões de clientes. Agora, com as mudanças do BC, precisa decidir se será apenas uma fintech inovadora ou um banco completo.
Ademais, a possível compra de um banco traria custos e riscos adicionais, mas poderia proteger sua operação no longo prazo. Mais do que isso: sinalizaria ao mercado que a empresa está pronta para disputar de igual para igual com gigantes do setor financeiro.
Por fim, para investidores a dúvida é se esse movimento fortalece o valor do papel na B3 e em Wall Street ou se a pressão regulatória pesará mais do que os benefícios da transformação.