- O valor do dólar apareceu a R$ 6,40 no Google, apesar dos mercados estarem fechados, gerando suspeitas sobre a precisão
- A Advocacia-Geral da União (AGU) consultará o Banco Central para verificar a possível informação incorreta
- A cotação elevada pode ser resultado de plataformas de criptomoedas, que operam 24 horas, aplicando um “prêmio” para proteger transações
- No mercado de câmbio, as cotações variam conforme o volume e custos das operações, ao contrário das ações, que têm preço centralizado
A cotação do dólar atingiu cerca de R$ 6,40 no Google nesta quarta-feira (25), um valor inesperado. Especialmente considerando que os mercados estavam fechados em grande parte do mundo devido ao feriado de Natal.
A informação gerou preocupação no governo federal, que anunciou que a Advocacia-Geral da União (AGU) irá consultar o Banco Central (BC) para esclarecer se a cotação divulgada pela plataforma foi incorreta.
Distorção de dados
Em nota, a AGU afirmou que a consulta ao BC visa verificar possíveis distorções nos dados e entender as razões por trás da divergência. O órgão destacou a urgência da resposta e informou que os dados oficiais do Banco Central podem embasar uma eventual ação da Procuradoria-Geral da União.
A cotação do dólar no Google chamou atenção justamente pelo fato de os mercados estarem fechados no Brasil e na maior parte do mundo.
Sem negociações de câmbio no Brasil, o valor apresentado na plataforma não refletiria o mercado tradicional, que define o preço do dólar por meio de grandes volumes de transações entre bancos e corretoras. Esses movimentos, no entanto, só ocorreriam com a reabertura do mercado após o feriado.
José Faria Júnior, CEO da Wagner Investimentos, esclareceu ao CNN Money que a cotação apresentada pelo Google pode ter relação com o mercado de criptoativos, que opera 24 horas por dia, 7 dias por semana.
De acordo com Faria Júnior, se um usuário está utilizando uma plataforma de criptomoedas para converter reais em dólares, ele pode ser impactado por taxas de conversão diferentes daquelas encontradas no mercado tradicional.
“Essas plataformas podem aplicar uma taxa mais elevada para se proteger contra oscilações quando o mercado oficial reabrir”, explicou.
Cotação
O especialista também alertou que a cotação vista em plataformas de criptomoedas pode ser mais cara devido ao “prêmio” aplicado, que visa proteger as transações em um ambiente de maior risco.
Faria Júnior sugeriu que, durante feriados e fins de semana, é comum observar grandes distorções nos preços do dólar, especialmente quando esses valores são provenientes de mercados não regulamentados, como as corretoras de criptoativos.
Além disso, Faria Júnior detalhou as diferenças entre o mercado de câmbio tradicional e o mercado de ações.
No mercado de câmbio, as cotações podem variar ligeiramente entre diferentes fontes devido à natureza das operações de balcão, em que as transações são feitas diretamente entre as partes.
“Enquanto na bolsa de valores temos um preço único e centralizado, no mercado de câmbio, o valor do dólar pode flutuar dependendo do volume negociado e das taxas operacionais de cada instituição”, explicou.
Essas flutuações podem ser mais evidentes durante períodos em que o mercado está fechado, como nos feriados, quando as operações em mercados alternativos, como as criptomoedas, ganham mais relevância.
Posicionamento
O governo brasileiro agora aguarda um posicionamento mais claro do Banco Central sobre a situação, já que a cotação divergente do dólar pode gerar confusão entre os investidores e afetar a percepção do valor da moeda.
A AGU também pode adotar medidas legais, caso sejam confirmadas falhas na divulgação das informações sobre a cotação.
Em um cenário de constante volatilidade nos mercados financeiros, a precisão das informações sobre a cotação do dólar é crucial para garantir a estabilidade do câmbio e evitar distorções que possam afetar o mercado brasileiro e suas transações.
O desenrolar desta investigação poderá estabelecer um precedente importante para a transparência nas informações financeiras divulgadas por plataformas online.