- Quedas globais generalizadas: Bolsas ao redor do mundo registram perdas acentuadas, com Hong Kong (-13,6%), Taiwan (-9,6%) e Japão (-9,5%) liderando os declínios
- Tensões EUA-China pesam: O agravamento do conflito comercial entre as duas potências derruba os mercados, com a China registrando seu pior dia desde 2008
- Europa em alerta: Principais bolsas europeias, como Alemanha, França e Itália, caem mais de 6%, enquanto Cingapura vive pior sessão em 16 anos (-8%)
A nova semana começou com a mesma intensidade negativa da anterior nos mercados financeiros internacionais. Bolsas ao redor do mundo registram quedas acentuadas, refletindo o agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O índice de Hong Kong despencou 13,6% em apenas um dia, enquanto Taiwan e Japão caíram 9,6% e 9,5%, respectivamente. A Bolsa japonesa chegou a acionar circuit breaker diante da volatilidade extrema.
Na Europa, o cenário também é alarmante: Alemanha, França, Itália e Espanha amargaram perdas superiores a 6%. Na China, os mercados sofreram o maior tombo diário desde 2008, e em Cingapura a queda de 8% representa a pior sessão em mais de 16 anos.
A onda de aversão ao risco se espalhou com rapidez. A Bolsa da Tailândia proibiu temporariamente a venda a descoberto em uma tentativa de conter o pânico, mas os investidores continuam receosos. A origem dessa nova tempestade vem das duras medidas anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump, que adotou tarifas significativas sobre produtos importados de vários setores estratégicos, como tecnologia, aviação, vestuário e automóveis.
A retaliação chinesa veio à altura, com tarifas recíprocas de 34%, bloqueios à exportação de metais raros e novas restrições comerciais. O resultado: incerteza generalizada e uma corrida por liquidez nos mercados.
Commodities também afundam
Não foram apenas os ativos de risco que sofreram. As commodities também entraram na rota de colisão dos temores globais. O petróleo, pela primeira vez desde 2021, caiu para a faixa dos US$ 60 por barril, evidenciando a preocupação com a possível desaceleração da atividade econômica mundial.
O minério de ferro, outro termômetro importante da indústria global, fechou o dia em baixa de mais de 3%, acompanhando os sinais de fragilidade vindos principalmente da China.
Os impactos dessas quedas vão além dos gráficos. Para países exportadores de matérias-primas (como o Brasil), a pressão sobre os preços das commodities representa uma ameaça direta à balança comercial e à arrecadação. Além disso, a retração nos mercados globais dificulta a atratividade para investimentos externos, ampliando a volatilidade cambial e potencializando incertezas locais.
Tarifas de Trump reacendem o debate sobre protecionismo
O discurso de Donald Trump na Casa Branca, no qual defendeu abertamente um novo pacote tarifário, provocou reações imediatas no mercado. Ele argumenta que as tarifas são necessárias para fortalecer a indústria doméstica americana, garantindo empregos e ampliando a arrecadação estatal.
No entanto, economistas alertam para os riscos dessa estratégia: tarifas são, em essência, impostos sobre importações. E, como qualquer imposto, seu impacto recai sobre o consumidor final (nesse caso, o americano) ou sobre o produtor estrangeiro, dependendo da elasticidade da demanda.
Ao contrário da retórica de reciprocidade, as tarifas foram definidas com base no déficit comercial dos EUA com outros países, o que torna o modelo pouco técnico e bastante agressivo. A reação chinesa, com medidas de controle de exportação e novas tarifas, indica que esse conflito está longe do fim.
A escalada protecionista ameaça interromper cadeias globais de produção e reduzir a eficiência na alocação de recursos, exatamente o oposto do que se ensina nas bases da economia.