
- Mesmo cenários parciais geram yields entre 6,8% e 13,5% até 2025.
- Corrida por dividendos dispara com a reforma do IR e já soma R$ 42,2 bilhões.
- XP projeta potencial total de até R$ 170 bilhões em distribuições antecipáveis.
A aprovação da reforma do Imposto de Renda provocou uma corrida inédita entre empresas listadas na B3. A cobrança de 10% de IR sobre dividendos acima de R$ 50 mil mensais para pessoas físicas, válida a partir de 2026, mudou a estratégia corporativa e acelerou anúncios de pagamentos extraordinários. Esse movimento busca aproveitar a regra que mantém a isenção total sobre lucros apurados até 31 de dezembro de 2025, mesmo se distribuídos até 2028.
Por isso, companhias como Itaú (ITUB4), Vale (VALE3), Allos (ALOS3), Marcopolo (POMO4), Vulcabras (VULC3) e Azzas 2154 (AZZA3) já anunciaram dividendos que somam R$ 42,2 bilhões. Segundo análises da XP, esse número pode praticamente dobrar nas próximas semanas, caso empresas decidam antecipar ainda mais pagamentos para evitar a tributação futura.
Empresas correm para antecipar pagamentos e abriram a fila dos anúncios
O ambiente tributário mais rígido forçou companhias a revisarem rapidamente suas estratégias. Itaú (ITUB4) e Vale (VALE3), por exemplo, aceleraram decisões na última quinta-feira, confirmando distribuições robustas que captaram a atenção do mercado. Além disso, setores como varejo, siderurgia e propriedades comerciais passaram a adotar uma postura mais agressiva nesta janela fiscal.
Embora os valores iniciais já somem bilhões, analistas destacam que a pressão tende a aumentar. Ainda que o Senado discuta uma extensão do prazo para abril de 2026, a falta de definição mantém a urgência entre as companhias. Dessa forma, mesmo pagamentos parciais têm potencial para gerar impactos significativos no fluxo de caixa dos investidores.
Assim, as estimativas atuais partem de três cenários possíveis. O mais conservador projeta uma antecipação próxima aos R$ 42 bilhões já anunciados. Contudo, um cenário intermediário prevê até R$ 85 bilhões, caso metade das reservas distribuíveis seja liberada antes da virada fiscal.
Lista da XP revela 25 empresas com alto potencial de liberar dividendos extras
A XP mapeou empresas com capacidade para distribuir dividendos relevantes. O estudo analisou lucros retidos, reservas de lucros, alavancagem baixa e histórico consistente de pagamentos. Com isso, 25 companhias se destacam pela probabilidade média ou alta de antecipar valores significativos antes do fim de 2025.
O levantamento mostra setores como Mineração & Siderurgia, Construção Civil, Óleo & Gás, Agro e Varejo com forte potencial de liberação de caixa. Entre os destaques estão Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5), SOJA3, UGPA3, ABEV3 e TIMS3. Para algumas, o yield potencial ultrapassa 40% e, em casos extremos, supera 100%, como o de USIM5.
De forma agregada, as 25 empresas reúnem R$ 170,3 bilhões em capacidade teórica de distribuição. O indicador de alavancagem média de 0,5 vez reforça que grande parte dessas companhias tem condições financeiras confortáveis para uma antecipação relevante, sem comprometer liquidez.
Mesmo distribuição parcial já gera yields agressivos para investidores
Ainda que o cenário mais extremo, a liberação total, seja improvável, mesmo uma antecipação moderada traria rendimentos expressivos. Segundo a XP, apenas 25% da capacidade total já representa um yield médio de 6,8%. No cenário de 33%, o retorno sobe para 8,9%, enquanto a antecipação de 50% poderia elevar o yield para 13,5%.
A reforma do IR alterou profundamente o cálculo das empresas. Com a proximidade da nova regra, a decisão de antecipar dividendos passou a ser não apenas uma estratégia de remuneração, mas também de eficiência tributária. Dessa forma, analistas entendem que essa corrida tende a ser um dos principais catalisadores do mercado brasileiro até o fim de 2025.
Para investidores, o momento exige acompanhamento atento. Setores como Commodities e Defensivos apresentam os maiores potenciais, com yields estimados de 27,3% e 29,0%, respectivamente. Além disso, empresas com governança sólida e caixa robusto devem liderar a nova onda de distribuições.