Papel e celulose

Suzano (SUZB3) ou Klabin (KLBN11)? Corte do BBA muda jogo no setor; uma delas segue favorita

Revisão do Itaú BBA reduz projeções para celulose, mas mantém recomendação de compra para SUZB3 e KLBN11.

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Crédito: Depositphotos.
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  • Klabin mantém força em papel e embalagem, apoiada por geração de caixa e desalavancagem
  • Itaú BBA corta preços-alvo de SUZB3 e KLBN11, mas mantém recomendação de compra
  • Suzano segue favorita, com potencial de valorização de 22% e Ebitda resiliente

O Itaú BBA atualizou seus modelos para Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) com uma leitura mais cautelosa para o setor de papel e celulose. Mesmo com a reavaliação, o banco reforçou recomendações de compra para as duas empresas.

Apesar disso, os preços-alvo foram reduzidos. No caso da Suzano, o valor passou de R$ 70 para R$ 58. Para Klabin, o corte foi de R$ 23 para R$ 21, com a preferência mantida para a Suzano.

Cortes refletem pressão nos preços da celulose

O BBA aponta que o avanço da verticalização na China e os novos projetos previstos até 2030 obrigam uma projeção mais conservadora para o preço da celulose. A nova estimativa média para 2026 a 2028 ficou em US$ 570/t, abaixo dos US$ 620/t anteriores. Esse movimento reduz margem e aperta as projeções das fabricantes globais.

Mesmo assim, o banco manteve a recomendação de compra para SUZB3, destacando valuation atrativo, potencial de valorização de 22% e dividend yield estimado de 2%. O corte no preço-alvo reflete apenas o menor nível esperado de preços da celulose, não uma piora estrutural da empresa.

Para a Suzano, o BBA projeta Ebitda de R$ 25 bilhões em 2026, praticamente estável frente à estimativa inicial, já que o melhor desempenho de custos deve compensar preços levemente menores. A geração de caixa livre (FCF) fica próxima de zero em 2026 por conta do investimento de R$ 9,4 bilhões na JV com a Kimberly Clark, mas deve acelerar a partir de 2027.

Klabin segue forte, apesar da revisão

No caso da KLBN11, a recomendação continua como compra, também sustentada por múltiplos de valuation considerados atrativos. O potencial de alta estimado é de 19%, embora o preço-alvo tenha sido reduzido diante de expectativas mais fracas para a divisão de celulose.

Segundo o BBA, caso o cenário macro avance, a Klabin segue bem posicionada nos segmentos de papel e embalagem, áreas mais resilientes que celulose pura. A empresa negocia a cerca de 6,0x EV/Ebitda para 2026, abaixo do intervalo considerado justo entre 7,0x e 8,0x.

Além disso, a companhia deve se beneficiar de desalavancagem contínua, com apoio do ciclo de FCF médio de 12% entre 2026 e 2030 e dos negócios florestais anunciados em 2025, que movimentaram R$ 3,6 bilhões em desinvestimentos.

Setor vive transição com preços mais estáveis

O BBA revisou também a projeção para 2026 para US$ 570/t, citando uma dinâmica global mais estável para a celulose.

A faixa esperada entre US$ 550/t e US$ 600/t reflete a estratégia das fabricantes chinesas: produzir quando o preço sobe e comprar no mercado quando cai. Esse movimento reduz volatilidade e limita repiques mais fortes no curto prazo.

Contudo, o banco avalia que a pior fase do ciclo já ficou para trás. A expectativa é de melhora gradual entre 2026 e 2027, apoiada por uma menor expansão integrada na China e pela ausência de novas plantas relevantes na América Latina até 2028.

Um ponto de monitoramento segue no radar: a entrada da fábrica OKI II, na Indonésia, entre 2026 e 2027, que pode mexer com a oferta global.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.