Crise política e fiscal

Tesouro Direto aciona 'circuit breaker' com prefixados a 15% e IPCA+ próximo de 8%

O site do Tesouro Direto teve duas paralisações hoje devido à alta volatilidade nas taxas de juros

Tesouro Direto cresce
Tesouro Direto cresce

Na tarde desta segunda-feira (16), o site do Tesouro Direto apresentou sua segunda instabilidade do dia, quando as negociações de títulos prefixados e indexados ao IPCA foram suspensas por mais de meia hora. A paralisação, que ocorreu entre 15h e 15h35, se somou à interrupção anterior, pela manhã, entre 10h50 e 12h30. Durante esse período, apenas os títulos do Tesouro Selic permaneceram disponíveis para negociação.

A oscilação nas taxas de juros, frequentemente responsável por essas interrupções, intensificou-se nas últimas semanas, resultando em uma crescente volatilidade no mercado. A plataforma do Tesouro Direto, por exemplo, registrou uma série de recordes de rentabilidade, com destaque para o Tesouro Prefixado 2027, que superou a marca histórica de 15% ao ano, sendo negociado a um retorno de 15,17%. Outros títulos, como o Tesouro Prefixado 2031, também apresentaram altos rendimentos de 14,61% ao ano, os maiores valores desde o início das negociações desses papéis.

Outro destaque foi o Tesouro IPCA+ 2029, que ofereceu um retorno anual de 7,61%, além da variação da inflação, o maior patamar desde o lançamento do título em 2023. Títulos de prazos mais longos, como o Tesouro IPCA+ 2035 e 2045, também registraram rendimentos elevados, com retornos de 7,08% e 7,00% ao ano, respectivamente, também marcas inéditas na série histórica.

Crise fiscal, política e econômica

A escalada nas taxas é atribuída a uma combinação de fatores, incluindo o enfraquecimento da economia doméstica e o aumento das expectativas de inflação, conforme refletido nas últimas projeções do Boletim Focus. A alta do câmbio e as críticas contínuas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao patamar da taxa de juros também exerceram pressão sobre a curva de juros futuros, o que resultou em rendimentos recordes para muitos títulos do Tesouro Direto nesta segunda-feira.

No mercado de juros, a taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) também disparou, com alguns contratos registrando uma alta de mais de 50 pontos-base. O contrato de DI para janeiro de 2026, por exemplo, fechou a 14,995%, uma alta em relação aos 14,881% registrados no ajuste anterior. O contrato para janeiro de 2027 teve aumento ainda mais significativo, subindo para 15,41%, ante 15,052% no ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, o DI para janeiro de 2031 registrou uma alta de 51 pontos-base, atingindo 14,79%, enquanto o contrato para janeiro de 2033 subiu para 14,55%, com alta semelhante. O mercado demonstrou crescente nervosismo com a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso, especialmente com a proximidade do recesso parlamentar, que coloca pressão sobre o Executivo para avançar na agenda fiscal antes do fim do ano.

Além disso, a recuperação do presidente Lula de uma cirurgia complicou ainda mais a situação política, já que ele permanece afastado das discussões em Brasília, dificultando a articulação das pautas governamentais, inclusive o pacote fiscal que é crucial para as expectativas do mercado.

Retranca: Instabilidade no Tesouro Direto e aumento nos rendimentos refletem clima de incerteza política e econômica.

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