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Vale (VALE3) surpreende o mercado com dividendo máximo e aciona corrida por revisões para 2026

Provento robusto leva ação ao maior patamar em quase dois anos e reacende aposta dos bancos em retorno elevado.

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Vale - Crédito: Shutterstock
Vale - Crédito: Shutterstock
  • Dividendos no teto elevam VALE3 ao maior nível desde 2023.
  • Bancos projetam espaço para lucros e retorno robusto até 2026.
  • Estratégia antecipa pagamento antes da nova tributação e fortalece confiança do mercado.

A Vale (VALE3) movimentou o mercado ao anunciar R$ 3,58 por ação em dividendos e JCP, no teto das projeções e com recados diretos sobre sua estratégia para 2026. O anúncio impulsionou a ação, que subiu 1,61% e fechou a R$ 67,40, o maior valor desde março de 2023.

O pagamento será dividido entre janeiro e março de 2026, beneficiando acionistas posicionados até 11 de dezembro de 2025. A decisão reforçou a leitura de que a mineradora segue confiante em sua geração de caixa, mesmo diante das mudanças fiscais já aprovadas.

Mercado reage ao dividendo no teto

O plano de pagamento prevê R$ 1,24 por ação em 7 de janeiro e outros R$ 0,76 em 4 de março, além de R$ 1,56 em JCP. Segundo o BTG Pactual, cerca de US$ 1 bilhão corresponde a dividendos extraordinários, enquanto US$ 1,9 bilhão antecipa proventos mínimos do segundo semestre de 2025. O banco avalia que a decisão demonstra confiança no ciclo do minério e nos resultados projetados.

Analistas como Renato Chanes, da Ágora, e Rafael Barcellos, do Bradesco BBI, também destacaram o caráter positivo do anúncio. Eles reforçam que o valor veio no teto das expectativas, sinalizando disciplina financeira e foco na remuneração ao acionista. As casas mantêm recomendação de compra e preço-alvo de R$ 83 para VALE3.

Esse movimento elevou o otimismo no mercado, já que a mineradora havia passado por meses de instabilidade nas revisões de lucro. Com a sinalização de caixa mais firme, os analistas enxergam espaço para revisões positivas até 2026.

Estratégia ajustada antes da nova tributação

O BTG afirma que o adiantamento dos proventos ajuda a driblar a nova tributação prevista no PL 1.087/2025. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a medida nesta semana.

Embora a regra passe a tributar dividendos, o texto mantém isenção para valores aprovados até o fim de 2025. Por fim, esses montantes podem ser pagos até 2028, exatamente a janela usada pela mineradora.

A instituição reforça que a Vale segue entregando uma agenda amigável ao acionista, aproveitando o ambiente fiscal para proteger retornos. Mesmo admitindo que a ação não está mais barata, o banco vê suporte de lucro até 2026 e manteve recomendação de compra, com preço-alvo em US$ 15 para o ADR.

O BTG ainda projeta a continuidade dos dividendos extraordinários em 2026, estimando um dividend yield entre 10% e 11%, caso o cenário operacional se mantenha estável.

Visões divergentes, mas pró-retorno

A Ativa Investimentos classificou os valores como “bem acima das expectativas”, destacando que o anúncio mostra conforto financeiro e ausência de grandes desembolsos adicionais à frente.

A corretora avalia que a Vale segue firme em sua meta de dívida líquida expandida de US$ 15 bilhões, típica de uma companhia madura que equilibra investimento e retorno. Mesmo assim, mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 65.

Já a XP Investimentos avaliou o movimento como marginalmente positivo, apesar de reconhecer que os dividendos extraordinários superaram a previsão de US$ 500 milhões. Para a corretora, o anúncio reforça a simplicidade da alocação de capital e a confiança na geração de caixa futura. A casa mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 71 para VALE3.

Apesar das diferenças entre bancos, o consenso geral é que a mineradora sinaliza estabilidade financeira e espaço para manter proventos elevados nos próximos ciclos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.